Correio da Bahia

Uma festa especial para a beleza negra

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O sábado será de festa no Curuzu. O Ilê Aiyê escolhe sua nova Deusa do Ébano na 42ª edição da Noite da Beleza Negra. E desta vez, a festa, novamente com direção geral de Elísio Lopes Jr., terá uma novidade: as 14 concorrent­es vão, pela primeira vez, dar um depoimento se posicionan­do sobre questões sociais e envolvendo negritude. Isso, claro, terá um peso na escolha da nova Deusa, ao de critérios como a beleza e a dança.

As 14 mulheres deram uma entrevista à jornalista Val Benvindo, que conhece bem o Ilê. O público vai ver nesta noite um compilado desses depoimento­s, que vai dar ao júri uma amostra do que as candidatas pensam sobre diversos temas.“Fizemos uma seleção do que elas disseram nas entrevista­s para conhecê-las melhor. E essa é uma novidade importante, porque a escolha não vai se restringir a critérios estéticos. Pela primeira vez, vamos ouvi-las”, festejou Elísio no café da manhã que reuniu a imprensa na Senzala do Barro Preto, onde também acontecerá a festa.

A noite será marcada também pela homenagem ao centenário de nascimento de duas personalid­ades negras históricas: o angolano Agostinho Neto (1922-1979) e a baiana Mãe Hilda Jitolú (1923-2009).

A ialorixá tem papel essencial na história do Ilê, como lembra seu filho, Vovô, fundador da instituiçã­o, que mais que um bloco de Carnaval, é hoje uma importante associação cultural: “Ela foi a grande parceira do Ilê e, se não fosse ela, não haveria nada que a gente está vendo aqui. Desde o início do Ilê, em 1974, ela participou e sempre cedia o espaço dos terreiros para as nossa reuniões”, recurda Vovô.

Neste sábado, o público vai ver uma cena estrelada por Sulivã Bispo, criada especialme­nte para esta noite pelo próprio ator e por Elísio. “Contamos um pouco da história de Mãe Hilda nessa cena através de Koanza, personagem de Sulivã. É uma saudação à memória dela e abre caminho para a homenagem que faremos”.

Agostinho Neto foi médico, escritor e político e lutou pela libertação de Angola, tendo sido guerrilhei­ro e diretor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Na encenação que será apresentad­a, o ator Diogo Lopes Filho vai recitar textos de Agostinho. A ex-secret[aria de Cultura Arany Santana vai fazer uma participaç­ão, em seu retorno aos palcos como atriz.

Além da anfitriã Band’Aiyê, a noite terá ainda o som da Afrocidade, banda que mistura variadas expressões da música negra internacio­nal, como reggae e afrobeat com elementos baianos, como arrocha e pagode. Tudo isso, com letras politizada­s. Também haverá um reencontro marcante, realizado especialme­nte para a festa: o trio As Sublimes, formado por or Isabel Fillardis, Lilian Valeska e Karla Prietto, está se reunindo a pedido de Elísio. Nos anos 90, o grupo fez muito sucesso com a canção Boneca de Fogo. Não lembra? Vai no YouTube, que logo você vai reconhecer. SENZALA DO BARRO PRETO (CURUZU). INGRESSOS? R$ 200| R$ 100 (PISTA) E R$ 300 (CAMAROTE).

Contamos um pouco da história de Mãe Hilda nessa cena através de Koanza, personagem de Sulivã. É uma sauda ção à memó ria dela e abre caminho para a homenagem que faremos Elísio Lopes Jr. Diretor geral da festa da Noite da Beleza Negra

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ANDRE FRUTUOSO/DIVULGAÇÃO As 14 jovens candidatas à Deusa do Ébano do Ilê Aiyê: festa volta a acontecer neste sábado, no Curuzu

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