Correio da Bahia

Salvador tem altas taxas, mas não é ‘epicentro da violencia’

- *COLABOROU EMILLY OLIVEIRA

O Fogo Cruzado monitora, desde julho de 2022, a violência armada nos 13 municípios da Região Metropolit­ana de Salvador. A capítal foi mais afetada pelos tiroteios (557). Aqui também ficaram concentrad­os 68% das mortes (340) e 79% dos feridos (130). O instituto pondera, entretanto, que o volume de tiroteios concentrad­os na cidade não se repete quando observamos a distribuiç­ão por bairro. Não há ‘epicentro da violência’.

"Quando observamos apenas bairros da capital, a concentraç­ão não ultrapasso­u 5%. Isso significa não haver, portanto, um território onde a violência armada ocorre de forma mais sistemátic­a e cotidiana. Não existe um bairro mais perigoso", diz o Fogo Cruzado.

O que houve em Fazenda Coutos - e ocorre também em outros bairros da capital - foi a intensific­ação da luta das facções pelo domínio do território. Isso porque, apesar do bairro ter marcações do grupo criminoso conhecido como Bonde do Maluco (BDM), outra facção, o Comando Vermelho (CV) tenta tomar o poder naquela área.

"Não acontece só aqui, em vários bairros do subúrbio o CV quer avançar e fica em guerra com o BDM. Lá no Lobato, na localidade do Boiadeiro, que só tinha pichação do BDM, agora está tudo com escritos do CV. Ficam nessa guerra", diz uma moradora de Coutos.

Os confrontos obedecem a lógica de ampliação, como explica Sandro Cabral, professor de estratégia no setor público no Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa e na Universida­de Federal da Bahia. "É questão de lógica de expansão. Quanto maior a cobertura geográfica em domínio, mais controle e poder. O grupo fica mais forte para defender sua posição. E isso pode se dar pela localizaçã­o, potencial de mercado ou outra razão. Atividades de expansão são estratégic­as".

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