Correio da Bahia

Eleição com status de terceiro turno

Senado Disputa entre Pacheco e Marinho mobiliza lulistas e bolsonaris­tas

- Das agências REPORTAGEM redacao@redebahia.com.br

Os times de Lula e Bolsonaro entraram em campo e a eleição para a presidênci­a do Senado hoje se polarizou e acabou se transforma­ndo em uma espécie de terceiro turno do pleito de outubro. Em meio ao fim do sigilo dos gastos com cartão corporativ­o, aos atos golpistas de 8 de janeiro e às acusações de genocídio contra o povo Yanomami, ter um aliado no comando do Senado é estratégic­o para demonstrar força e manter o bolsonaris­mo vivo. Do outro lado do ringue, o governo precisa de um aliado no posto para consolidar uma maioria na Casa, mesmo que apertada. A importânci­a desta eleição é tão grande que Lula liberou 12 ministros para reassumire­m suas cadeiras na câmara alta e votarem pela reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Seu opositor é Rogério Marinho (PL-RN), que aposta em traições para reverter o favoritism­o do mineiro e vencer a disputa. Cálculos do Planalto indicam que Pacheco deve receber entre 51 e 55 votos dos 81 senadores. Outro senadores se declara candidatos, mas não demonstra força: Eduardo Girão (Podemos-CE).

APOIOS

Na noite da segunda-feira (30), Marinho foi homenagead­o por um jantar de seu partido, que reuniu grande número de seus apoiadores, dentro e fora do parlamento. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro compareceu ao evento e, pelo seu celular, Bolsonaro fez um breve discurso e disse que seu projeto é "imorrível". Foi a primeira aparição pública de Michelle desde que chegou dos Estados Unidos, onde o ex-presidente Bolsonaro ainda se encontra.

De lá para cá, Marinho conseguiu angariar o opoio do ex-juiz Sérgio Moro (UB-PR), do PSDB e de três dissidente­s do PSD, partido de Pacheco. Há possibilid­ade ainda de conseguir somar votos do MDB, legenda que ontem declarou apoio formal a Rodrigo Pacheco. Um dos motores para angariar dissidênci­as é a figura do ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), que acumulou poder e desgastes nos bastidores da Casa, controland­o as verbas do orçamento secreto e a principal comissão do Senado, a de Constituiç­ão e Justiça (CCJ). A recondução de Pacheco garantiria a permanênci­a de Alcolumbre na CCJ e fortalece seu nome para substituir o próprio Pacheco daqui a dois anos.

Em entrevista­s após reunião com o partido, o atual presidente da Casa agradeceu aos parlamenta­res e afirmou que é necessário “pacificaçã­o, respeito, responsabi­lidade e não de revanchism­o, de ódio, de intolerânc­ia e de divisão”. E defendeu a possibilid­ade de levar à votação projetos de interesses tanto do governo, reforma tributária, quanto dos bolsonaris­tas, a criação do cargo de senador vitalício para ex-presidente­s da República, desde que esse cargo não seja exercido com o intuito de proteger ninguém. "Não pode ser uma mudança constituci­onal que vise solucionar problemas ou questões pessoais do presidente A ou B". E também garantiu que pedirá prioridade à discussão da reforma tributária. Na sua avaliação, o Congresso está pronto para discutir reformas e pautas progressis­tas

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JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO Pacheco (PSD-MG) tem apoio do governo Lula
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FÁTIMA MEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

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