Correio da Bahia

Gabriela ficou ainda mais sedutora

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De tempos em tempos, um fenômeno literário sacode o país. Foi assim com o romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado (1912-2001), que proveu uma revolução no mercado editorial em 1958, quando foi publico, e na vida pessoal do autor, que deixou para trás a fase engajada e iniciou sua produção mais solar, popular e para muitos críticos, a mais inspirada.

Só para entendermo­s o sucesso imediato da história, os 50 mil exemplares da tiragem inicial esgotaram em seis meses. Traduções, adaptações e sucessivas edições renovaram o interesse no romance entre a ingênua e sedutora Gabriela e o turco Nacib - dois forasteiro­s na terra do cacau. E agora, quando o livro completa 65 anos de lançamento, a editora Companhia das Letras lança uma edição digna de colecionad­or.

As 600 páginas da trama vêm embaladas em capa dura, com prefácio da jornalista Josélia Aguiar - autora da biografia de Jorge Amado posfácio de José Paulo Paes e ensaio visual da designer e artista plástica Goya Lopes. As nove ilustraçõe­s criadas por Goya - reunidas no começo do livro - fazem uma espécie de apresentaç­ão visual da história, com referência­s à trama, mas livre nos elementos que marcam o trabalho da baiana - como as cores fortes e quentes e o grafismo em diferentes formas.

“Tem muito a ver com meu universo de trabalho, de trazer a cultura afro-baiana e popular e que conta histórias através das tramas”, afirma Goya. Ela conta que voltou ao livro depois de muitos anos e foi trabalhand­o com elementos marcantes na trama como o mar, o cacau, os

GABRIELA, CRAVO E CANELA

Autor

Jorge Amado

Editora Companhia das Letras

Preço

R$ 169,90 (600 páginas) quitutes, o amor entre Gabriela e Nacib e os anseios de liberdade, simbolizad­o nos pássaros. Dois deles ganharam atenção especial: a flor (Graxa) que Gabriela usa no cabelo e a pipa que ela busca no telhado, deixando todo mundo babando.

Goya diz que sua intenção foi usar seu repertório para falar dos ciclos de chegadas e partidas e das mudanças de comportame­nto abordados no texto. Feliz com resultado, ela ainda não sabe se o projeto vai ganhar vida fora das páginas do livro. “Por enquanto tô só curtindo o resultado. Foi muito legal, pois tive muita liberdade”, diz a artista, destacando a importânci­a de uma mulher negra com uma história como a sua ter sido chamada para o trabalho.

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