MOSTRA FUNDAMENTAL
O Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória, apresenta até o final de abril no seu Salão Principal uma exposição para mostrar ao público recortes do seu acervo de obras de arte que remontam aos séculos XVII a XX. Reunidos, reconstituem o modus vivendi da aristocracia baiana do passado. Criado em 23 de julho de 1918, o MAB é o mais antigo e um dos principais equipamentos culturais do Estado, e é reconhecidamente o guardião das marcas que remetem à história e à identidade da Bahia, ao tempo em que dialoga com as novas abordagens culturais presentes na sociedade.
Diretora do Museu de Arte da Bahia, a museóloga Ana Liberato avalia que o MAB possui o maior acervo museológico do Estado da Bahia, incluindo a mais significativa coleção da Escola Baiana de Pintura. Ainda guarda peças de mobiliário, de imaginária, porcelanas, cristais, prataria, postais, mapas, numismática, arte popular, artefatos indígenas e religiosidade afro-brasileira. O acervo, inicialmente, foi constituído pelas Coleções Jonathas Abbott e Góes Calmon. Foi enriquecido ao longo do tempo com novas aquisições e doações, totalizando atualmente cerca de 15 mil peças.
Mas, é a coleção da Escola Baiana de Pintura que esta exposição destaca, com telas dos 15 principais artistas provenientes da Escola Baiana de Pintura fundada na segunda metade do século XIX por José Joaquim da Rocha (foto). Além de fundador, foi responsável pela formação de vários discípulos, com suas obras de temas religiosos e mitológicos, tais como: Teófilo de Jesus (considerado seu melhor discípulo e continuador), Franco Velasco, José Rodrigues Nunes, Cunha Couto. Carlos Ott publicou um estudo minucioso sobre a Escola Bahiana de Pintura em 1980, tendo como editor Emanuel Araújo. Um livro cuidadoso e necessário, com tiragem de 3 mil exemplares.
O pintor espanhol Miguel Navarro y Cañizares chegou a Salvador em 1876 e fundou a Escola de Belas Artes da Bahia, e assim novas temáticas foram introduzidas. Foi quando ele começou a lecionar desenho e pintura no Liceu de Artes e Ofícios, tendo como discípulos Manuel Lopes Rodrigues e Manuel Raimundo Querino. Em 1877, Navarro y Cañizares, em parceria com João Francisco Lopes Rodrigues, fundou a academia que tempos depois se tornou a Escola de Belas Artes da Bahia, onde se formaram os principais pintores da Bahia: Manoel Lopes Rodrigues, Presciliano Silva, Alberto Valença, Mendonça Filho, Oseas Santos, Antônio Olavo Batista e Robespierre de Farias. Estão ainda na expo a coleção de imagens do MAB produzidas nos séculos XVII a XX. O MAB possui ainda um grande acervo de cerâmica, destacando-se as porcelanas.
OMABé um dos principais equipamentos culturais do Estado, e é reconhecidamente o guardião das marcas que remetem à história e à identidade da Bahia