Crianças em risco sem a cadeirinha
Trânsito Falta ou uso inadequado do item de segurança teve alta de 26,5%, diz PRF
Desprotegidas. É assim que viajam crianças transportadas sem "cadeirinha", assento que diminui o risco de morte em caso de acidente. Apesar da segurança garantida, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multou 1.943 motoristas pela falta ou uso em desacordo com a legislação do dispositivo, em veículos que circularam nas rodovias federais que cortam a Bahia. O número representa aumento de 26,5% em relação ao mesmo período de 2021, quando 1.537 pessoas foram autuadas.
A infração é classificada como gravíssima e gera sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), mais um valor de R$ 293,47. Ao todo, como 1.943 motoristas foram multados devido à violação, o valor de multas aplicadas chegou a R$ 570 mil no ano passado.
A policial rodoviária Fernanda Maciel afirma que as repressões acontecem com mais frequência em épocas festivas, como Carnaval, quando as famílias costumam viajar. Segundo Fernanda, é esperado aumento no número de infração de trânsito nas próximas semanas, em razão da grande festa popular. As rodovias com maior ocorrência do tipo são a BR-101 e BR-116, por ter maior fluxo de veículos.
A publicitária Thaise Lordelo, 44, vai viajar com os três filhos e o marido para Cruz das Almas na semana de Carnaval e sabe bem como garantir uma viagem segura. “As crianças já sabem, entrou no carro, tem que colocar a ‘cadeirinha’. É inegociável”.
Thaise tem dois filhos adolescentes e Murilo, de 6 anos. As cadeiras que os irmãos usavam foram reaproveitadas para o caçula como forma de economizar. Para ela, a negligência com o uso do equipamento é injustificável. “É trabalhoso colocar, mas a instrução é sair da maternidade já no bebê conforto. Não há falta de informação".
PERIGO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso dos dispositivos de retenção reduz em pelo menos 60% o número de mortes de crianças em acidentes de trânsito. Embora não impeça ferimentos ou o impacto total da colisão, o assento protege de ferimentos graves na maioria dos casos, aponta relatório da entidade.
O gerente comercial Rafael Albuquerque, 37, sofreu acidente de carro em 2021 enquanto trabalhava e faz questão de garantir todas as ferramentas possíveis para proteger a filha de 4 anos, Rafaela. Além do uso de “cadeirinha” nas viagens de família, ele conta que o carro deve ter ao menos sete airbags - frontais e laterais - para segurança.
“É difícil hoje pensar que alguém tem coragem de colocar filho em um carro, seja em rodovia ou cidade, sem 'cadeirinha'. Eu sei bem como é vital reforçar a segurança no carro. Isso salva vidas”.
O tenente-coronel da Polícia Militar e especialista em trânsito, Luide Souza, explica que o tipo de "cadeirinha" utilizada varia conforme idade, altura e peso da criança (veja no quadro acima). Para Souza, o aumento de multas de 2021 para 2022 é fruto da mudança na legislação de trânsito, cuja vistoria adiciona a fiscalização da altura do menor de idade. Antes, bastava perguntar idade e peso.
Especialistas orientam que o assento custa menos que a multa, sendo encontrado na internet a partir de R$ 119,95 *ORIENTADA POR PERLA RIBEIRO