Turquia e Síria vivem tragédia humanitária
Terremoto que atingiu os países já fez, até ontem, quase 4 mil mortos
Até a noite de ontem foram contabilizados números próximos de quatro mil mortos em decorrência do terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a região central da Turquia e o noroeste da Síria, pela manhã. Mas ainda há milhares de pessoas desaparecidas. Levando em conta o cenário de destruição e destroços em várias cidades, é certo, infelizmente, que a quantidade de mortos continuará a subir nas próximas horas. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou, em nota, que, até a noite de ontem, não tinha informação sobre qualquer brasileiro morto ou ferido na região.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prestou solidariedade às vítimas da tragédia, através de postagem em suas redes sociais: "O Brasil manifesta sua solidariedade com os povos dos dois países, com as famílias das vítimas e todos que perderam suas casas nessa tragédia", escreveu o presidente. O Itamaraty, por sua vez, divulgou, em nota, que "o governo brasileiro está providenciando formas de oferecer ajuda humanitária às populações afetadas pelo terremoto".
Líderes e autoridades internacionais também lamentaram, em suas redes sociais, as destruições e as mortes. São dezenas: o presidente dos EUA, Joe Biden; o líder francês, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; são alguns deles.
Tudo mostra a magnitude dessa sequência de tremores de terra (veja Cronologia) que só teve força semelhante na região em 26 de dezembro de 1939, há 83 anos portanto, no famoso tremor de Erzincan, na Anatólia Oriental, que teve a mesma intensidade sísmica do ocorrido ontem e, àquela época, matou cerca de 33 mil pessoas. Até então, o tremor de Erzincan era considerado o maior desastre a história recente da Turquia.
Mas os números do desastre de ontem, infelizmente, vêm se apresentando gigantes. Segundo a Agência de Gerenciamento de Emergências e Desastres da Turquia, pelo menos 5.606 prédios desabaram no país durante ou após o terremoto. A mesma agência informa que pelo menos 19.574 equipes estão atuando no local do terremoto para resgatar vítimas.
"Hoje é um dia para 85 milhões estarem juntos como um só coração", disse o presidente Recep Tayyip Erdogan, ontem, em entrevista coletiva concedida no Centro de Coordenação de Desastres da Turquia, em Ancara.
A situação no lado da fronteira da Síria também é alarmante. O país está em guerra civil desde 2011 e isso debilitou sua organização interna de proteção social. Para piorar a situação do lado Sírio, a província mais atingida pelos tremores, Hama, também vem sendo, ao longo dos anos, uma das que mais sofrem com ataques de guerra.
E há de se considerar, ainda, o período do ano, o inverno na região. Ontem, nos dois países, houve áreas nas quais a temperatura beirou os 3º C. O inverno nas regiões mais altas da Turquia, aliás, é extremo e o risco de hipotermia é alto. São essas condições que equipes de resgate enfrentam em uma luta contra o tempo para salvar vidas, pois estima-se que milhares ainda estejam soterrados. Quem sobrevive, por sua vez, também tem que enfrentar o frio e a escassez de insumos e medicamentos para sua assistência. Um cenário de caos.
HISTÓRIA EM PEDAÇOS
Há também as perdas para a memória da humanidade. Turquia e Síria são conhecidas por seus monumentos e edificações seculares e até milenares. É fato que muitas dessas referências históricas foram ao chão. Na Turquia, já se sabe que a fortificação de Gaziantep, castelo construído entre os séculos 16 e 11 antes de Cristo, foi quase que totalmente destruído. Na Síria, há danos em construções otomanas e edificações da cidade de Aleppo, conhecida mundialmente por abrigar a cidadela, uma joia arquitetônica do período medieval.
O terremoto que atingiu partes da Turquia e da Síria foi classificado como de magnitude 7,8 na Escala Richter, que vai de 1 até 10. O patamar atingido pelo tremor principal de ontem já é muito devastador, e ele ainda foi amplificado em tremores secundários que se sucederam por horas (veja Cronologia).
Os maiores terremotos já registrados foram os do Chile (1960; magnitude: 9,5), com aproximadamente 1,6 mil mortos; Alasca, nos Estados Unidos (1964, magnitude: 9,2), com 131 mortos; Sumatra, Indonésia (2004, magnitude: 9,1), 230 mil mortos ou desaparecidos; Honshu, Japão (2011; magnitude: 9,0), 15,7 mil mortos, 4,6 mil desaparecidos; Kamchatka, Rússia (1952; magnitude: 9,0), sem registro de mortes, por a áreas ser quase inabitada.