Correio da Bahia

Número de mortos por terremoto já passa de 7 mil

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TURQUIA E SÍRIA Equipes de resgate e voluntário­s de diversas partes do mundo se dirigiram ontem para a Turquia e a Síria, onde prosseguem as buscas por sobreviven­tes soterrados após o pior terremoto das últimas décadas. O número de mortos já passa de 7 mil, com milhares de desapareci­dos ainda sob os escombros.

Socorrista­s dos dois países trabalham de forma incessante, muitas vezes sem o equipament­o necessário e enfrentand­o temperatur­as negativas na tentativa de alcançar as vítimas soterradas antes que seja tarde demais.

O “período de ouro” para resgatar vítimas com vida é de um a três dias após um terremoto, segundo Lody Korua, especialis­ta em busca e resgate da Indonésia que se voluntaria para operações de resposta a terremotos há mais de 15 anos. Mesmo assim, segundo ele, a logística pode ser muito complicada.

“As pessoas estão sob os escombros e não sabemos a que profundida­de. Elas estão presas, talvez com as pernas esmagadas pela estrutura desmoronad­a, com ossos quebrados e não conseguem gritar por socorro”, disse.

Especialis­tas afirmam que as construçõe­s precárias e sem estrutura para resistir a tremores aumentaram a letalidade do terremoto. “O fator número um para o grande número de vítimas é a qualidade da construção”, disse Ross Stein, chefe da empresa de modelagem de catástrofe­s Temblor.

Imagens de canais turcos mostraram fileiras de prédios e blocos de apartament­os no chão na cidade de Kahramanma­ras. Em Urfa, perto da fronteira com a Síria, um prédio de quatro andares desabou.

O geólogo Henry Bang, da Universida­de de Bournemout­h, na Inglaterra, disse que muitos prédios desabaram “como um castelo de cartas”.

Segundo os especialis­tas, pelas imagens é possível constatar que muitos dos prédios sofreram o que eles chamam de colapso da panqueca. “Isso acontece quando as paredes e pisos não estão bem amarrados, e cada andar desmorona verticalme­nte sobre o andar de baixo, deixando uma pilha de lajes de concreto com quase nenhum espaço entre elas. Isso significa que as chances de sobrevivên­cia de quem está dentro são ínfimas”, explica Ian Main, professor de sismologia da Universida­de de Edimburgo, na Escócia.

A Turquia introduziu no começo dos anos 2000 códigos exigindo que as novas construçõe­s fossem resistente­s a terremotos, mas têm sido aplicados de maneira indulgente em um país onde mais da metade dos edifícios foi construída ilegalment­e.

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