Tempo de espera: interminável
Após acidente entre embarcações, a empresa que opera o ferryboat ainda não divulgou o esquema de transporte para o Carnaval
Um dia após o choque entre dois ferries no Terminal de Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, o embarque exigiu muita paciência dos passageiros. O tempo de espera, que é uma queixa recorrente em feriados e horários de pico, chegou a quatro horas na manhã de ontem, em plena terça-feira, para motoristas no Terminal Marítimo de São Joaquim, em Salvador. Pedestres também reclamaram da espera de 2h30.
A demora teve relação com o número de embarcações disponíveis. Segundo a Internacional Travessias Salvador (ITS), empresa responsável pela operação, apenas os ferries Zumbi dos Palmares e Pinheiro estavam ativos até as 19h de ontem, quando o Anna Nery passou a operar. O ferry Maria Bethânia foi retirado para dar continuidade à investigação do que teria provocado o choque de anteontem no mar. A empresa não deu previsão para o retorno do resto da frota.
O Rio Paraguaçu passa por vistoria obrigatória; o Dorival Caymmi está em ampla reforma; e o Ivete Sangalo está em manutenção corretiva. A empresa chegou a operar com apenas duas embarcações no segundo semestre de 2022, mas diz que não tem registro da data específica e que a situação durou poucas horas.
Sobre o que fará no Carnaval, a assessoria da ITS apenas disse que ainda irá divulgar o esquema de transporte. Normalmente, mais embarcações entram em operação, os intervalos diminuem e sempre há saídas extras, a depender da demanda. Mas agora, com três embarcações funcionando, ainda não foi divulgado como o esquema especial será realizado.
Enquanto isso, quem precisa viajar, seja saindo de Salvador ou Itaparica, é obrigado a lidar com atrasos do embarque, adiamento nos horários previstos e tempo de espera prolongado. A reportagem encontrou passageiros que chegaram às 7h, mas só conseguiram comprar bilhete para saída às 10h. A embarcação saiu às 10h30. Na manhã de ontem, o anúncio no terminal de Salvador era de embarcações a cada duas horas embora o aviso da ITS fosse de viagens de hora em hora.
Estou com fome, com sono. Está cansativo, não temos paz neste lugar. Não peguei fila, mas tem a demora para embarque Ana Lúcia
O balconista Jandir Humildes, 34, contou que o plano era voltar para Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo, onde mora, pelo ferry, mas a demora atrasou a chegada ao trabalho, cujo expediente começa às 12h. Ele só conseguiu embarcar às 10h30 e iria chegar em Santo Antônio só depois das 13h. À tarde, segundo a ITS, não houve espera para pedestres, mas a demora continuava para os carros: de 3h a 4h.
NOTIFICAÇÃO
A empresa reconheceu que com duas embarcações - como foi o caso durante o dia não é possível escoar o fluxo com rapidez e calculou um tempo de espera de 3h a 4h para carros na capital. A ITS disse que não houve tempo de espera ontem para pedestres. “Quase nunca temos fluxo”, afirmou a assessoria.
Mas a enfermeira Ana Lucia, 57, esperou. Saiu do plantão no hospital às 7h e só conseguiu passagem para 12h. “Estou com fome, com sono. Está cansativo, não temos paz nesse lugar. Cheguei aqui às 9h40, não peguei fila, mas tem a demora para embarque”, disse ela.
Ontem, a Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA) notificou a Internacional Travessias, para que a empresa esclareça as causas do acidente, se os consumidores vitimados foram atendidos e quais as providências adotadas para evitar novas ocorrências.
Moradores de Bom Despacho prometem para esta sexta-feira (10) um protesto no terminal em Itaparica, para cobrar melhorias no sistema.
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