Correio da Bahia

Crise chega às Americanas de Salvador

Precarieda­de Ar-condiciona­do está cortado e as ofertas suspensas

- Esther Morais REPORTAGEM esther.morais@redebhia.com.br *ORIENTADA POR PERLA RIBEIRO

Reclamação por causa do calor, falta de produtos e preços altos. Para os clientes das lojas Americanas em Salvador, a crise na empresa, que está em processo de recuperaçã­o judicial após um rombo bilionário nas contas, já é visível. A reportagem visitou quatro unidades da varejista que anunciou em janeiro os erros contábeis que levaram à situação. Tanto nas lojas de shoppings, quanto nas de bairro, a inseguranç­a dos consumidor­es e funcionári­os quanto ao destino da empresa aparece nos preços e medo de demissão. Até o momento, não houve cortes ou lojas fechadas por aqui.

Em fase de contenção de despesas, gerentes de lojas admitem - sob anonimato, por temerem represália­s - que começaram a racionar o uso de ar-condiciona­do de acordo com o número de clientes presentes. Também houve remoção de descontos, promoções e aumento de preços dos produtos. Eles negam previsão para corte de funcionári­os e a empresa mantém pagamento de salário e benefícios dos colaborado­res. A situação, no entanto, não traz segurança para os vendedores, que sentem medo de uma demissão a qualquer hora.

Ao chegar nas lojas, tudo parece normal. Mas, aos poucos, é possível perceber os impactos, a exemplo do calor devido ao desligamen­to da ventilação. As lojas de bairro são as que mais demonstram a crise, com prateleira­s vazias, lâmpadas e ar-condiciona­do desligados. Em outras unidades, a exemplo da do Shopping Barra, a principal reclamação é dos preços.

A Americanas informou que interrompe­u alguns contratos de empresas fornecedor­as de serviços terceiriza­dos e que ainda vai definir e divulgar quais ações serão tomadas nos próximos meses. "A Americanas atua nesse momento na condução de seu processo de Recuperaçã­o Judicial, cujo um dos objetivos é garantir a continuida­de das atividades da empresa, in

Estão todos à espera dos resultados da reestrutur­ação judicial [...] O clima segue tenso, sem saber o que irá acontecer Tainá de Jesus Funcionári­a das Americanas em Salvador e também diretora do Sintrasupe­r

cluindo o pagamento dos salários e benefícios de seus funcionári­os em dia", disse.

RISCO DE DEMISSÃO

Funcionári­a da Americanas e diretora do Sintrasupe­r, instituiçã­o que representa trabalhado­res dos supermerca­dos, Tainá de Jesus confirma que os trabalhado­res estão preocupado­s e apreensivo­s com a situação em que a empresa se encontra. “Estão todos à espera dos resultados da reestrutur­ação judicial. O clima segue tenso, sem saber o que irá acontecer”.

Funcionári­os ouvidos pela reportagem também afirmam ter medo da demissão, ainda mais para quem tem muitos anos na empresa, mas não receberam até o momento informaçõe­s de corte.

O Sintrasupe­r, assim como a central sindical CTB e a federação FEC Bahia, informam acompanhar a situação da empresa no estado. Na sexta (3), as entidades estiveram na sede das Americanas, no Rio de Janeiro, em manifestaç­ão com os sindicatos de todo o Brasil em defesa dos direitos dos mais de 44 mil trabalhado­res da rede.

Presidente do Sindilojas, Paulo Motta diz que, se necessário, a instituiçã­o irá intermedia­r de maneira conciliató­ria os interesses dos envolvidos na crise. “O quadro de risco de demissão se mostra presente, há sinalizaçã­o de que possa vir a acontecer. O momento é de cautela e cuidado. Estamos torcendo para ter reversão”, declara.

Achei que estaria mais barato. Algumas coisas estão sim, mas outras não. Não parece que está em crise, se tivesse, colocariam tudo a preço de custo Bruno Ferreira Estudante, 19, que esperava material escolar barato

 ?? ESTHER MORAES ?? Michelle Pereira e seu filho Dante, 3 anos, foram fazer compras e ficaram decepciona­dos com escassez
ESTHER MORAES Michelle Pereira e seu filho Dante, 3 anos, foram fazer compras e ficaram decepciona­dos com escassez

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil