Atos: Coronel da PM é preso por omissão
8 de janeiro Procuradoria também pede acesso às comunicações do acusado
A Polícia Federal (PF) prendeu quatro oficiais da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal na manhã de ontem, na quinta fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os protestos de extremistas do dia 8 de janeiro em Brasília. Os alvos nesta etapa são suspeitos de omissão diante dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes. Um deles é o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, que era chefe do Departamento Operacional da corporação e estava de licença no dia do ataque.
A PF cumpriu três mandados de prisão temporária e um mandado de prisão preventiva contra um coronel, um capitão, um tenente e um major da PM. Os policiais federais também fizeram buscas em seis endereços na capital federal. Todas as ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator das investigações sobre os atos do dia 8. Os alvos nesta etapa são investigados por seis crimes: abolição violenta do
Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido. No dia 20 de janeiro, a primeira fase da Operação Lesa Pátria prendeu cinco suspeitos de participação, incitação e financiamento nos atos. Desde então, a Operação Lesa Pátria se tornou permanente, com desdobramentos periódicos. Até o momento, 16 pessoas foram presas preventivamente. A PF também cumpriu 31 mandados de busca e apreensão nas etapas anteriores da investigação.
PRESOS
Além de pedir a prisão do coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) Jorge Eduardo Naime Barreto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também defendeu a quebra dos seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e de mensagem. A PGR também pediu a quebra dos sigilos do tenente Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, que estava à frente do DOP naquele dia 8, cobrindo a folga de Barreto.
Também foram presos o major Flávio Silvestre de
Alencar, o capitão Josiel Pereira Cesar e o tenente Rafael Pereira Martins. A diferença é que a prisão dos três é temporária, com duração de cinco dias, enquanto a prisão preventiva do coronel não tem prazo predeterminado. Ao pedir a prisão preventiva do coronel, a PGR lança suspeitas de que ele retardou intencionalmente a reação das tropas ao avanço dos extremistas, permitindo a invasão dos prédios do STF, do Congresso Nacional e do Planalto. O órgão também afirma que, embora tenha recebido alertas de inteligência, o oficial não fez um planejamento adequado para garantir a segurança na Praça dos Três Poderes naquele dia 8 de janeiro.
A Procuradoria também disse ver ‘concreta possibilidade de fuga’ e de ocultação de provas. O plano veio a público depois que a ex-mulher do coronel, Tatiana Lima Beust, registrou boletim de ocorrência por agressão. Ela relatou ter sido agredida com uma barra de ferro pela atual mulher do coronel ao tentar impedir que ele viajasse com os filhos para a Bahia. A motivação seria evitar uma prisão iminente. Os acusados não se pronunciaram até o fechamento desta edição.