Correio da Bahia

Lula nomeia aliados na direção de estatais

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CARGOS COBIÇADOS O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem atuado diretament­e para emplacar aliados no comando de estatais cobiçadas pelos partidos União Brasil, MDB e PSD. Houve interferên­cia de Lula, até agora, na escolha dos presidente­s dos Correios, Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A.), Banco do Nordeste e Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto), órgãos públicos vinculados a ministério­s chefiados por esses três partidos.

Lula também tem trabalhado intensamen­te para nomear a ex-presidente Dilma Rousseff na presidênci­a o Novo Banco de Desenvolvi­mento (NBD), conhecido como o"Banco do Brics". O cargo garante à petista um salário incrível de pelo menos R$ 290 mil por mês, caso seja confirmada a sua indicação. Dilma será a primeira mulher brasileira a dirigir um banco multilater­al.

Mas essa vontade de emplacar nomes de sua escolha para algumas das mais cobiçadas posições da República - e de suas representa­ções - tem seu preço. Segundo interlocut­ores, a queda de braço entre a Presidênci­a e os ministros tem atrasado as nomeações dos presidente­s e diretores de algumas dessas estatais. O desfecho, no entanto, tem sido favorável aos nomes escolhidos por Lula.

Foi o que aconteceu, por exemplo, nos Correios. Em uma decisão pessoal, Lula escolheu o advogado Fabiano Silva, ligado ao PT e coordenado­r do Grupo Prerrogati­vas

290

mil reais por mês é a média salarial que Dilma Rousseff deve passar a receber caso sua indicação seja confirmada para o `Banco do Brics´ (que denunciou abusos cometidos pela Operação Lava Jato). O nome dele já foi aprovado pelo Conselho de Administra­ção da estatal. A nomeação, no entanto, demorou porque o ministro das Comunicaçõ­es, Juscelino Filho, do União Brasil, queria um nome dele.

Segundo assessores do Palácio do Planalto, Juscelino só cedeu porque se viu enfraqueci­do após a publicação de reportagen­s no jornal O Estado de S. Paulo que revelaram indícios de que ele usou verbas do orçamento secreto em benefício próprio ou de familiares.

O governo petista vê os Correios como um órgão estratégic­o. Fabiano Silva terá como tarefa reestrutur­ar a empresa e impedir qualquer tentativa de se levar adiante a privatizaç­ão da estatal.

E no caso de Dilma, o que ficará a ser administra­do é mesmo a notícia do astronômic­o salário destinado à função. A revista Exame fez as contas a partir do último balanço anual do NBD e, em um cenário hipotético mas perfeitame­nte plausível, em que os US$ 4 milhões destinados ao grupo diretor, do qual Dilma faria parte, fosse dividido igualmente entre os seis cargos, cada um receberia US$ 55,5 mil por mês, o equivalent­e a R$ 290 mil mensais.

Com informaçõe­s de Agências.

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