CRITÉRIOS E ÉTICA
É exato que em certames de arte, como Salões Oficiais, Bienais, panoramas e resumos, selecionar é excluir. Para estes grandes eventos ou temos um júri especializado ou um curador. A responsabilidade já começa das pessoas ou instituições que escolheram o júri ou curador. É importante saber-se os critérios para estas escolhas. O júri especializado é formado por críticos de arte, historiadores, artistas plásticos, colecionadores, sempre em número ímpar, para facilitar o resultado. O curador é único ou pode-se ter vários.
Montado o aparato, tem que se levar em conta a corrente ou o gosto pessoal de cada indivíduo. Quem pertence às correntes de vanguarda, a arte contemporânea, jamais vai incluir no certame um artista primitivo, naif ou ingênuo. Isso iria de encontro às “convicções cultas”, mesmo que esse artista fosse um Francisco da Silva (foto), naif dos mais criativos do Brasil. Fica na maioria das vezes o gosto pessoal, que nunca é o melhor critério, ou a moda. A moda passa e o artista também. Não se podem esquecer as competições entre as comissões, brigam por suas “sabedorias”, o que é desagradável. Muitas vezes, se unem e subdividem em grupos, seja por amizade ou sistema de pensamento. Aí desandam os propósitos mais nobres.
Quanto às premiações o sufoco aumenta. De juris mais simples aos mais sofisticados, existem as perniciosas competições entre os jurados. Casos famosos existiram como as brigas entre Frans Krajcberg e Ferreira Gullar, Carlos Scliar e Walmir Ayala, que se estenderam na mídia sulistas por semanas. Nos certames de grande porte, inscrevem-se de 1,2 mil a 2 mil artistas para ficarem de 30 a 50, então selecionar é excluir. O descontentamento dos artistas é imenso, mas nada podem fazer, porque sempre reza nos estatutos “a decisão do júri é irrecorrível”. Ao se inscreverem, os artistas assinam um documento concordando com as cláusulas do regulamento. Artistas são vaidosos. Para um bom artista, ser cortado não o torna ruim. Muitos gênios da pintura foram equivocadamente cortados de grandes eventos. As grandes exposições têm suas vantagens, ao artista - ser conhecido pelos colegas, por um grande público e não ter gastos exorbitantes.
Nas Bienais e panoramas, na maioria das vezes, a escolha é do curador. Curador é tomar para si a responsabilidade de cuidar. Um profissional que define rotas, conceitos de uma mostra de arte. O curador deve, a princípio, ter uma ideia clara do trabalho a ser feito, bom planejamento, e depois escolher seus artistas, no contexto dos propósitos pensados e éticos.
Quanto às premiações, o sufoco aumenta. De juris mais simples aos mais sofisticados, existem as perniciosas competições entre os jurados