Correio da Bahia

Comprar kits mistos de blocos ou camarotes pode render de R$ 90 a R$ 1 mil de economia

- Maysa Polcri* REPORTAGEM maysa.polcri@redebahia.com.br ORIENTADA POR PERLA RIBEIRO

De última hora. Essa é a expressão que melhor descreve a venda de abadás para os blocos que desfilam em 2023 no Carnaval de Salvador. Se em anos anteriores era comum os foliões comprarem com antecedênc­ia, as incertezas da pandemia fizeram com que, dessa vez, as vendas só deslanchas­sem depois da virada do ano. Cerca de 80% dos abadás vendidos até agora foram comerciali­zados entre janeiro e fevereiro. Para evitar encalhes, pontos de vendas fazem promoções que garantem descontos que vão de R$ 90 a até R$ 1 mil.

O bloco Fissura, que tradiciona­lmente leva às ruas uma média de 4 mil foliões por dia, terá o cantor Tomate puxando o trio na sexta-feira (17) e as bandas Filho de Jorge e DH8, no sábado (18). Se comprados separados, os abadás saem por R$ 418 e R$ 250, respectiva­mente, por dia. Uma promoção de três entradas para cada um dos dias, no entanto, custa R$ 999. O valor representa uma economia de R$ 1.005 para o bolso do folião.

Já o Me Abraça, de Durval Lelys, e o EVA tomaram atitude ousada e se juntaram. É possível comprar passaporte­s para curtir as duas atrações. A Banda Eva desfila na quinta (16) e sexta (17) e o trio encabeçado por Durval vai às ruas domingo (19) e segunda (20). Enquanto apenas um dia do Me Abraça chega R$ 780 e do EVA custa R$ 420, o pacote promociona­l com dois dias da folia nos dois blocos sai por R$ 1.050.

Enquanto alguns blocos ainda patinam nas vendas a poucos dias antes do início da festa, os mais concorrido­s também apostam em promoções para alavancar vendas. Quem optar por comprar os abadás para os dois dias em que Ivete Sangalo comandará o Coruja consegue um desconto de R$ 130. Já no Crocodilo, de Daniela Mercury, a economia é de R$ 90. Essas e outras promoções estão disponívei­s nas plataforma­s de

vendas de abadá.

ATRASO NAS VENDAS

A Quero Abadá, um dos principais pontos de comerciali­zação dos passaporte­s para os blocos, projeta cresciment­o de até 20% nas vendas deste ano em comparação a 2020, mesmo que a empolgação com a folia só tenha se tornado maior após o Réveillon e, mais especifica­mente, nos últimos dias, quando as estruturas da festa começaram a ser montadas nos circuitos.

“Historicam­ente, nós vendíamos 50% do estoque durante o ano e a outra metade em janeiro e fevereiro. Mas só neste ano vendemos entre 70% e 80%. As pessoas estavam com medo de não ter Carnaval novamente e demoraram a acreditar na festa em Salvador”, revela.

A enfermeira Anny Barros, 33, se prepara para curtir o Carnaval na capital pela 2ª vez. Em abril, ela, que mora em Belém (PA), comprou os blocos Nana e Camaleão. "Aqui tem o melhor Carnaval do planeta", afirma.

Mais buscados são Bell, Ivete, Daniela e Cláudia. Mas está esgotado; por enquanto, só resta o Camaleão Vítor Villas Boas, da Quero Abadá

Já fui em outros estados, mas o de Salvador é incomparáv­el. São as melhores atrações e a melhor organizaçã­o Anny Barros, que virá de Belém (PA)

Com pouco ou nenhum patrocínio e pagando mais caro para colocar os blocos na rua, as tradiciona­is atrações afro enfrentam dificuldad­es no retorno do Carnaval. O Ilê Aiyê, este ano, só vai desfilar dois dias, em vez de três.

Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, conta que o aumento de preços de fornecedor­es, músicos e tecidos dificultou a saída do bloco. Apesar do valor de R$ 270 ter sido mantido, a expectativ­a é de um público de 1.500 pessoas desfilando no bloco.

“O Carnaval virou um negócio. Se os blocos maiores já enfrentam dificuldad­es, imagine os menores”.

Em entrevista ao CORREIO em um dos ensaios deste ano, o presidente do Afoxé Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, também desabafou sobre os percalços. “O impacto foi muito grande na pandemia e nós buscamos apoio privado para este ano e não tivemos êxito”. O maior afoxé do estado resiste graças a incentivos públicos e espera reunir cinco mil homens nos três dias de evento. O valor do passaporte é R$ 700.

Já o tradiciona­l Ara Ketu, que será homenagead­o pelo enredo da escola de samba Mangueira, no Rio de Janeiro, só vai desfilar no dia 16.

O CORREIO FOLIA TEM PATROCÍNIO DA CLÍNICA DELFIN, APOIO INSTITUCIO­NAL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR E APOIO DA JOTAGÊ E AJL.

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