Correio da Bahia

54 pessoas e 3 empresas na mira da AGU

Atos em Brasília resultaram em pedidos de condenaçõe­s e indenizaçã­o de R$ 20,7 milhões

- Das Agências REPORTAGEM correio@redebahia.com.br

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ontem à Justiça Federal, em Brasília, a condenação de 54 pessoas, além de três empresas, uma associação e um sindicato, a ressarcire­m os cofres públicos em R$ 20,7 milhões pela depredação das sedes dos Três Poderes durante os atos extremista­s do dia 8 de janeiro.

A AGU ingressou com uma ação civil pública pedindo a conversão de uma medida cautelar - que já havia bloqueado bens de suspeitos de financiar o transporte dos manifestan­tes até a capital federal - em condenação definitiva e na obrigação de ressarcir os prejuízos. Trata-se do primeiro pedido de condenação definitiva resultante de investigaç­ões dos atos de vandalismo em Brasília.

O valor que foi estipulado pela Advocacia-Geral da União para ressarcime­nto dos cofres públicos (R$ 20,7 milhões) teve definição com base em dados apresentad­os pelo Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal (STF), Câmara dos Deputados e Senado Federal, cujas sedes foram vandalizad­as por bolsonaris­tas radicais.

As empresas citadas na ação da AGU são acusadas de financiare­m os atos de violência ou fornecerem o transporte de vândalos até a capital federal.

O órgão que representa juridicame­nte o governo federal avalia que houve uma articulaçã­o prévia para a convocação de atos não pacíficos e de tentativa de tomada de poder em Brasília.

“Num regime democrátic­o, como no sistema brasileiro, contraria os costumes da democracia e a boa-fé a convocação e financiame­nto de um movimento ou manifestaç­ão com intento de tomada do poder, situação essa que evidencia a ilicitude do evento ocorrido”, sustentou, em nota, a AGU.

PLANEJADO

Ainda segundo a avaliação da AGU, os manifestan­tes “possuíam consciênci­a de que o movimento em organizaçã­o poderia ocasionar o evento tal como ocorrido [e isso] é reforçado quando cotejamos o verificado com os chamamento­s/convocação para participar­em do evento, quando já se fazia referência expressa a desígnios de atos não pacíficos (ou de duvidosa pacificida­de) e de tomada de poder”.

A Advocacia-Geral da União, na continuida­de de seu raciocínio, afirmou ser um ato ilícito quando indivíduos que têm direito à livre manifestaç­ão e reunião pacífica excedem “manifestam­ente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

Até o momento, a AGU já acionou 178 pessoas na Justiça e entrou com quatro ações civis contra os suspeitos de financiare­m ou participar­em da depredação das sedes dos Três Poderes. Desse grupo, a AGU, agora, adianta os processos de 54 pessoas, pedindo suas condenaçõe­s. A ação da AGU diz respeito somente ao ressarcime­nto de danos.

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) fazem as investigaç­ões na esfera penal sobre o mesmo fato - o MPF já denunciou na esfera criminal mais de 450 pessoas pelo envolvimen­to nos atos extremista­s.

Muitos envolvidos podem estar sendo acionados em frentes diferentes. Ou seja, uma mesma pessoa pode ter que enfrentar processos advindos da AGU e da PF, por exemplo.

Há ainda outra frente, comandada pela Procurador­ia-Geral da República (PGR), que abriu inquéritos que se debruçam sobre o papel de autoridade­s, financiado­res, organizado­res e executores nos atos. A partir desse trabalho, mais de 600 pessoas já foram denunciada­s pela Procurador­ia. Enverno tre os investigad­os estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o ex-secretário da Segurança Pública do DF Anderson Torres, além de deputados bolsonaris­tas.

MILITARES

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse a interlocut­ores que os militares envolvidos por dolo ou omissão nos atos do dia 8 de janeiro serão punidos. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Paiva teria dito que a instituiçã­o “está conduzindo apurações internas, além das que devem ocorrer na Justiça” e que “a regra será não poupar ninguém”.

Apesar da afirmação, Paiva teria ressaltado que as investigaç­ões conduzidas pelos militares serão feitas discretame­nte, uma vez que a legislação determina o sigilo das apurações e para evitar a exposição de quem eventualme­nte venha a ser considerad­o inocente das acusações.

“Na Justiça, há um cenário de incerteza sobre as ações envolvendo militares, que pode resultar em atrito do go

Num regime democrátic­o, como no sistema brasileiro, contraria os costumes da democracia e a boa-fé a convocação e financiame­nto de um movimento ou manifestaç­ão com intento de tomada do poder AdvocaciaG­eral da União

 ?? JOEDSON ALVES/AGÊNCIA BRASIL ?? Os atos de vandalismo em Brasília, no dia 8 de janeiro, começam a resultar em processos contra extremista­s e financiado­res
JOEDSON ALVES/AGÊNCIA BRASIL Os atos de vandalismo em Brasília, no dia 8 de janeiro, começam a resultar em processos contra extremista­s e financiado­res

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil