Carnaval e Sustentabilidade
São indiscutíveis os importantes impactos sociais e econômicos que o Carnaval traz para a cidade de Salvador: geração de trabalho e renda, movimento em diversos segmentos de comércio e serviços, incremento na arrecadação de tributos e na própria imagem do município.
A profissionalização, organização e disciplina do Carnaval adveio de um arcabouço de lições aprendidas em diversos setores dos ambientes público e privado.
Na esfera pública, toda essa experiência resultou em leis e decretos que versam sobre a segurança, saúde, publicidade, mobilidade e arrecadação. No âmbito privado, a primeira evolução que se vê está na qualidade e grandiosidade das festas dentro da festa, mas há aspectos que decorreram do micro sistema jurídico que dita as regras para o segmento de eventos e turismo, desde o advento da Constituição Federal, passando pelo Código de Defesa do Consumidor, Código Civil e todo o conjunto de normas municipais específicas.
Em passado recente, blocos de carnaval selecionavam seus foliões, restringindo sobremaneira o ingresso de pessoas não-brancas e/ou que não residissem nos chamados bairros nobres. Sim, estamos falando de Salvador.
O Ministério Público teve, e tem, importante papel nos debates sobre os assuntos que envolvem os blocos e camarotes de carnaval soteropolitanos, como teve, por exemplo, pelos blocos.
As secretarias de Saúde, de Segurança Pública, a Polícia Militar, Guarda Municipal, Engenharia de Tráfego, além do apoio do Poder Judiciário, e a atuação outros órgãos, ano a ano implantam novas medidas e ações para preservar os direitos e o acesso aos serviços públicos não apenas de quem está curtindo a festa, mas da população que é afetada pelo Carnaval e não participa diretamente dele.
Nos últimos anos, os foliões passaram a ser surpreendidos com a velocidade e qualidade da limpeza das ruas após as festas, inclusive com a ampliação da rede de catadores de latas.
Há temas que ainda precisam ser discutidos, como a neutralização do CO2, uso de fontes de energia renováveis, ampliação da coleta seletiva e obrigatoriedade de camarotes e blocos realizarem ações mitigadoras de seus impactos na cidade, dentre outros aspectos que os experts na festa momesca poderão debater com mais propriedade.
Importante registrar que a evidência de boas práticas sociais e ambientais do evento e de cada camarote ou bloco pode fazer crescer as cotas de patrocínio e/ou atrair novos investidores que queiram utilizar e inserir a ação em suas realizações de ESG. Inserir temas de sustentabilidade no carnaval pode gerar ainda mais receita para o município e o trade do Carnaval.
AUGUSTO CRUZ É ADVOGADO, ESCRITOR E SÓCIO DA AC CONSULTORIA
pos, bloquinho tradicional que por conta da pandemia estava há dois anos sem desfilar. Os foliões começaram a chegar 3h antes do bloco sair e a concentração aconteceu na Rua Almirante Marques de Leão.
ARREPIO
“Eu amo o carnaval e estou me arrepiando só de falar isso, e o Habeas Copos é um lugar de muita alegria e de muita energia, é uma coisa que a gente não sabe nem explicar, um burburinho de emoções. São quase 20 anos participando do bloco”, contou a professora de educação física aposentada Kátia de Oliveira.
A ansiedade também era perceptível em foliões de outras atrações. Venezuelanos contaram que não têm data para voltar. “Vamos ficar em Salvador até quando nossas pernas aguentarem”, afirmou Lorena Alvarez, 25, uma das mais animadas do grupo.
As fanfarras puxaram os clássicos da música, foliões arriscaram passos e houve grupos que improvisaram um bloquinho, levando a própria corda para o circuito. As fantasias foram de super-heróis às mais inusitadas, como o homem que foi vestido de pênis. Segundo o engenheiro civil Ricardo Teixeira, 52 anos, o amigo estava “representando o objeto fálico”, enquanto ele estava vestido de policial feminina.
No camarote, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) acompanhou tudo com graça, acenou para apoiadores e destacou a expectativa para a primeira folia dele como gestor, porque apesar de ter assumido a gestão em 2021, ele não conseguiu colocar a festa em prática por conta da pandemia.
“Uma multidão nas ruas e isso dá um frio na barriga, porque aumenta a nossa responsabilidade e de manter a qualidade do serviço com tanta gente, mas nos preparamos para isso. Tenho certeza que vamos fazer um lindo Carnaval para marca de forma triunfal e histórica o retorno da maior festa de rua do planeta”, afirmou.
Os festejos de pré-carnaval de 2023 tiveram menos ocorrências na área da saúde que os de 2020. Segundo a prefeitura, o Pipoco teve 39 casos que precisaram de atendimento médico. O Furdunço registrou 53 situações e o Fuzuê 20 ocorrências. A redução foi de 44%, no domingo, e de 16%, na terça-feira. A gravidade dos casos também reduziu.
O CORREIO FOLIA TEM PATROCÍNIO DA CLÍNICA DELFIN, APOIO INSTITUCIONAL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR E APOIO DA JOTAGÊ E AJL.
TEXTO DE GIL SANTOS