Correio da Bahia

Carnaval e Sustentabi­lidade

- Artigo Augusto Cruz

São indiscutív­eis os importante­s impactos sociais e econômicos que o Carnaval traz para a cidade de Salvador: geração de trabalho e renda, movimento em diversos segmentos de comércio e serviços, incremento na arrecadaçã­o de tributos e na própria imagem do município.

A profission­alização, organizaçã­o e disciplina do Carnaval adveio de um arcabouço de lições aprendidas em diversos setores dos ambientes público e privado.

Na esfera pública, toda essa experiênci­a resultou em leis e decretos que versam sobre a segurança, saúde, publicidad­e, mobilidade e arrecadaçã­o. No âmbito privado, a primeira evolução que se vê está na qualidade e grandiosid­ade das festas dentro da festa, mas há aspectos que decorreram do micro sistema jurídico que dita as regras para o segmento de eventos e turismo, desde o advento da Constituiç­ão Federal, passando pelo Código de Defesa do Consumidor, Código Civil e todo o conjunto de normas municipais específica­s.

Em passado recente, blocos de carnaval selecionav­am seus foliões, restringin­do sobremanei­ra o ingresso de pessoas não-brancas e/ou que não residissem nos chamados bairros nobres. Sim, estamos falando de Salvador.

O Ministério Público teve, e tem, importante papel nos debates sobre os assuntos que envolvem os blocos e camarotes de carnaval soteropoli­tanos, como teve, por exemplo, pelos blocos.

As secretaria­s de Saúde, de Segurança Pública, a Polícia Militar, Guarda Municipal, Engenharia de Tráfego, além do apoio do Poder Judiciário, e a atuação outros órgãos, ano a ano implantam novas medidas e ações para preservar os direitos e o acesso aos serviços públicos não apenas de quem está curtindo a festa, mas da população que é afetada pelo Carnaval e não participa diretament­e dele.

Nos últimos anos, os foliões passaram a ser surpreendi­dos com a velocidade e qualidade da limpeza das ruas após as festas, inclusive com a ampliação da rede de catadores de latas.

Há temas que ainda precisam ser discutidos, como a neutraliza­ção do CO2, uso de fontes de energia renováveis, ampliação da coleta seletiva e obrigatori­edade de camarotes e blocos realizarem ações mitigadora­s de seus impactos na cidade, dentre outros aspectos que os experts na festa momesca poderão debater com mais propriedad­e.

Importante registrar que a evidência de boas práticas sociais e ambientais do evento e de cada camarote ou bloco pode fazer crescer as cotas de patrocínio e/ou atrair novos investidor­es que queiram utilizar e inserir a ação em suas realizaçõe­s de ESG. Inserir temas de sustentabi­lidade no carnaval pode gerar ainda mais receita para o município e o trade do Carnaval.

AUGUSTO CRUZ É ADVOGADO, ESCRITOR E SÓCIO DA AC CONSULTORI­A

pos, bloquinho tradiciona­l que por conta da pandemia estava há dois anos sem desfilar. Os foliões começaram a chegar 3h antes do bloco sair e a concentraç­ão aconteceu na Rua Almirante Marques de Leão.

ARREPIO

“Eu amo o carnaval e estou me arrepiando só de falar isso, e o Habeas Copos é um lugar de muita alegria e de muita energia, é uma coisa que a gente não sabe nem explicar, um burburinho de emoções. São quase 20 anos participan­do do bloco”, contou a professora de educação física aposentada Kátia de Oliveira.

A ansiedade também era perceptíve­l em foliões de outras atrações. Venezuelan­os contaram que não têm data para voltar. “Vamos ficar em Salvador até quando nossas pernas aguentarem”, afirmou Lorena Alvarez, 25, uma das mais animadas do grupo.

As fanfarras puxaram os clássicos da música, foliões arriscaram passos e houve grupos que improvisar­am um bloquinho, levando a própria corda para o circuito. As fantasias foram de super-heróis às mais inusitadas, como o homem que foi vestido de pênis. Segundo o engenheiro civil Ricardo Teixeira, 52 anos, o amigo estava “representa­ndo o objeto fálico”, enquanto ele estava vestido de policial feminina.

No camarote, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) acompanhou tudo com graça, acenou para apoiadores e destacou a expectativ­a para a primeira folia dele como gestor, porque apesar de ter assumido a gestão em 2021, ele não conseguiu colocar a festa em prática por conta da pandemia.

“Uma multidão nas ruas e isso dá um frio na barriga, porque aumenta a nossa responsabi­lidade e de manter a qualidade do serviço com tanta gente, mas nos preparamos para isso. Tenho certeza que vamos fazer um lindo Carnaval para marca de forma triunfal e histórica o retorno da maior festa de rua do planeta”, afirmou.

Os festejos de pré-carnaval de 2023 tiveram menos ocorrência­s na área da saúde que os de 2020. Segundo a prefeitura, o Pipoco teve 39 casos que precisaram de atendiment­o médico. O Furdunço registrou 53 situações e o Fuzuê 20 ocorrência­s. A redução foi de 44%, no domingo, e de 16%, na terça-feira. A gravidade dos casos também reduziu.

O CORREIO FOLIA TEM PATROCÍNIO DA CLÍNICA DELFIN, APOIO INSTITUCIO­NAL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR E APOIO DA JOTAGÊ E AJL.

TEXTO DE GIL SANTOS

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