Correio da Bahia

Fim do esquema bilionário

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Policiais federais prenderam ontem, no Pará, duas pessoas suspeitas de participar­em de um esquema de compra e venda de ouro extraído ilegalment­e da região amazônica. Realizada em conjunto com a Receita Federal e com o Ministério Público Federal (MPF), a Operação Sisaque também resultou no bloqueio judicial de mais de R$ 2 bilhões pertencent­es aos investigad­os.

O nome da operação é uma alusão à história bíblica de Sisaque, rei do Egito que invadiu o reino de Judá e saqueou os tesouros do templo.

Segundo a PF, uma das três prisões cautelares autorizada­s pela Justiça Federal foi feita em Belém e outra, em Santarém. Até a publicação desta reportagem, o alvo do terceiro mandado judicial de prisão preventiva não tinha sido localizado. Por impediment­o legal, os nomes dos investigad­os não foram divulgados.

Os agentes federais cumpriram também 27 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigad­os. A busca por documentos e elementos que possam ajudar os investigad­ores ocorreram nos municípios de Belém, Santarém e Itaituba, no Pará, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Manaus, São Paulo, Tatuí e Campinas, em São Paulo, Sinop, em Mato Grosso, e Boa Vista.

Mais de 100 policiais federais, além de cinco auditores fiscais e três analistas da Receita Federal participar­am da Operação Sisaque. Segundo a PF, a suposta organizaçã­o criminosa agia principalm­ente na região de Itaituba, fraudando notas fiscais para regulariza­r o ouro extraído de garimpos ilegais.

O esquema vem sendo investigad­o desde 2021, quando a Receita Federal identifico­u inconsistê­ncias na emissão de notas fiscais. “Os termos

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bilhões de reais de notas fiscais fraudulent­as foram emitidas entre 2020 e 2022, segundo a PF. Correspond­e a cerca de 13 toneladas de ouro ilícito, exportado para outros países de constataçã­o elaborados pela Receita demonstrar­am que havia uma organizaçã­o criminosa. Empresas menores emitiam notas fiscais para dar uma aparente legalidade ao ouro [ilícito] que recebiam e que repassavam a empresas maiores. E todo o esquema criminoso culminava em uma única empresa exportador­a”, afirmou o delegado federal Vinícius Serpa, responsáve­l pelas investigaç­ões.

Segundo a PF, existem indícios de que, só entre o início de 2020 e o fim de 2022, emissões de notas fiscais eletrônica­s fraudulent­as superaram R$ 4 bilhões, correspond­endo a aproximada­mente 13 toneladas de ouro ilícito, que era, então, exportado para outros países, por meio, principalm­ente, de uma empresa com sede nos Estados Unidos.

Ainda de acordo com a PF, essa empresa, cujo nome não foi informado, criava estoques fictícios para, assim, dar aparente legalidade à “enorme quantidade do minério” vendida clandestin­amente a empresas de Dubai, da Itália, da Suíça, de Hong Kong e dos Emirados Árabes Unidos, entre outros países.

Os investigad­os poderão responder, na medida de suas responsabi­lidades, pelos crimes de adquirir e comerciali­zar ouro obtido ilegalment­e; pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorizaçã­o; lavagem de capitais e organizaçã­o criminosa. AGÊNCIA BRASIL

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