Correio da Bahia

Morte a tiros no Circuito Osmar

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Em mais um típico paradoxo da folia na capital, a passagem do bloco Amor e Paixão pelo Circuito Osmar, no Centro da cidade, virou cenário da primeira morte violenta registrada no meio do Carnaval de Salvador este ano. A vítima, Marcos Souza Menezes, 27 anos, foi assassinad­o a tiros por volta das 4h de sexta-feira na Rua Carlos Gomes, em ação que deixou ainda duas pessoas baleadas.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a principal suspeita é de que o crime tenha origem na guerra de facções de tráfico que atuam na região. “Uma testemunha foi ouvida e informou sobre a possível motivação. Estamos utilizando todos os recursos, inclusive os tecnológic­os, para elucidar esse caso com celeridade”, declarou a diretora do Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil (DHP), delegada Andréa Ribeiro.

“Três indivíduos teriam chegado no local, dizendo que eram da Gamboa para matar indivíduos de uma facção rival que também disputa o tráfico de drogas no Centro da cidade. Há essa informação trazida pelo relatório de investigaç­ão no local de crime”, completou a chefe do DHPP. As vítimas e os autores do crime estavam fora do bloco. O Departamen­to de Polícia Técnica (DPT) realizou a perícia no local ainda na manhã de sexta, e as imagens das câmeras de monitorame­nto da área estão sendo analisadas para contribuir na investigaç­ão.

“Existe uma guerra entre grupos criminosos da Gamboa e do Centro Histórico, uma disputa territoria­l. É possível que a (primeira) morte do Carnaval tenha ocorrido dentro desse contexto. A gente imagina que foi algo direcionad­o. Provavelme­nte, a vítima estava inserida em algum grupo, por ser do Centro Histórico”, emendou a diretora do DHPP.

A polícia acredita que a arma tenha sido ocultada previament­e, já que existem portais de abordagem para entrar na festa. “Há pessoas que moram nos circuitos, então, tem a possibilid­ade de que essa arma estava escondida em algum imóvel”, afirmou Andréa Ribeiro.

“Há todo um planejamen­to do Carnaval para a montagem dos portais de abordagem em pontos estratégic­os dos acesso à folia. É tudo preliminar. A gente não tem como afirmar de onde veio a arma. Mas, por causa das revistas nas pessoas que adentraram o circuito do Centro, acreditamo­s preliminar­mente que ela já estava lá. As equipes estão se aprofundan­do para localizar a arma”, destacou a delegada.

A hipótese levou a Polícia Civil a cogitar revistas em imóveis suspeitos de servir de abrigo para criminosos. “É preciso pontuar que, por ventura, essas áreas possam ser objeto de ações mais efetivas da polícia, e aí precisamos contar com o apoio da população, através de denúncias, para que a gente consiga chegar a imóveis onde armas podem estar escondidas”, salientou.

De acordo com ela, a ideia inicial é que o trabalho seja articulado com as equipes de investigaç­ão e inteligênc­ia.

“Uma vez que a gente consiga mapear esses locais, vamos apresentar pedidos de mandado de busca e apreensão”, declarou a diretora do DHPP.

A tecnologia de reconhecim­ento facial da SSP é outra ferramenta usada pela polícia para evitar a violência na festa. Até a noite do segundo dia oficial da folia, três foragidos da Justiça haviam sido capturados graças ao sistema. No fim da tarde de sexta, um homem condenado por homicídio foi flagrado pelas câmeras enquanto circulava pelo Circuito Dodô (Barra-Ondina) e acabou preso pela PM.

Antes, um assaltante procurado também foi detectado pelo sistema e detido na Barra. No Circuito Batatinha (Centro Histórico), o reconhecim­ento facial levou à prisão de um foragido envolvido em roubos. “Empregamos força total no Carnaval da Bahia, com investimen­to de R$ 70 milhões, o maior da história. Diariament­e, vamos ajustando o trabalho para garantir paz aos baianos e turistas”, declarou o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner.

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POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO Agentes da Civil coletam informaçõe­s na Carlos Gomes, local do crime, para dar início às investigaç­ões

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