Um ano de guerra: resolução da ONU pede retirada das tropas russas
UCRÂNIA A guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano hoje e traz como novidade a aprovação, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução para interromper o conflito. Ao todo, 141 países aprovaram ontem o texto, incluindo o Brasil, que fez sugestão de redação acatada pela maioria.
O Brasil sugeriu mudanças no quinto parágrafo, que reiteira a determinação para que a Rússia retire “imediatamente, completamente e incondicionalmente” todas as forças militares do território ucraniano, de acordo com as fronteiras reconhecidas internacionalmente, e que ambos os lados cessem ações hostis. No terceiro parágrafo, outra digital do Brasil: a necessidade de esforços diplomáticos para se alcançar a paz de forma justa e duradoura.
É a primeira contribuição formal do país para o fim do conflito e demonstra uma inflexão da atuação brasileira, que vem defendendo a solução do conflito pelas vias diplomáticas.
Essa foi a quarta resolução da ONU firmada nesses 12 meses de guerra. Na anterior, em novembro, ainda no governo Jair Bolsonaro, o Brasil se absteve. Dessa vez, 7 países votaram contra e 32 abstiveram. Entre os que preferiram se abster, estão os parceiros dos BRICs China, África do Sul e Índia.
Os sete votos contrários foram da Rússia e de Belarus, Síria, Coreia do Norte, Nicarágua, Mali e Eritreia.
Juridicamente, a resolução não é vinculativa, ou seja, somente expressa o posicionamento oficial da ONU, não tendo necessariamente um efeito prático.
Mas há talvez um fio de esperança a julgar pelo fato de que o governo da Rússia elogiou ontem, antes da votação no painel da ONU, a posição do Brasil e prometeu analisar uma proposta de paz sugerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que as condições na linha de frente permitam uma negociação.
“Ficamos sabendo das declarações do presidente brasileiro sobre uma possível mediação política para impedir a escalada do conflito na Ucrânia. Estamos analisando essa iniciativa, mas claro, levando em conta a situação no terreno”, disse o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, à agência estatal Tass.
Na geopolítica, o saldo de um ano de guerra é que americanos e europeus, que vinham de distanciamento recente e atritos durante o mandato de Donald Trump em Washington, reaproximaram-se com rapidez em torno da Otan para dar suporte à Ucrânia e conter o avanço russo rumo ao Ocidente.
Do lado da Rússia, em meio ao isolamento internacional causado pela invasão, o governo de Vladimir Putin voltou a se alinhar com a China, uma superpotência que também anda em tensão crescente com os EUA.