Correio da Bahia

Indicação polêmica ganha o mundo

Tribunal de Contas BBC repercute possível eleição de ex-primeira-dama para corte

- Da Redação REPORTAGEM redacao@correio24h­oras.com.br

A polêmica envolvendo a candidatur­a da ex-primeira-dama da Bahia Aline Peixoto ao Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) começou a ganhar repercussã­o internacio­nal. Uma reportagem publicada na última sexta-feira pela BBC News sobre a nomeação das esposas dos ministros de Lula para cargos públicos, tem dado munição não só para a oposição, mas causado desconfort­o até mesmo entre líderes petistas.

Enfermeira, Aline é esposa do ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ela está na corrida, e é apontada como favorita, no pleito pelo cargo vitalício de conselheir­a do TCM, com salário mensal de R$ 41,8 mil, como destaca a BBC, a exemplo de reportagen­s já publicadas anteriorme­nte por veículos de imprensa nacionais, como O Globo, O Antagonist­a, Portal Metrópolis e Folha de S. Paulo.

A votação pela Assembleia Legislativ­a está prevista para o início de março. Nos dias 6 e 7, serão realizadas sabatinas com os candidatos. O ex-deputado Tom Araújo (União Brasil) foi indicado por parlamenta­res da oposição.

Caso seja eleita, Aline será a quarta esposa de um ministro do governo Lula a se tornar membro de um dos tribunais de contas, órgão responsáve­l por fiscalizar a aplicação do dinheiro público. Inclusive, são os tribunais de conta que tem o poder de impedir políticos de participar de novas eleições, se houver algum tipo de rejeição nas contas de governos anteriores.

OUTROS CASOS

Em janeiro, a Assembleia do Piauí elegeu a ex-primeira-dama, Rejane Dias, como membro do Tribunal de Contas do estado. Wellington Dias, é o atual ministro do Desenvolvi­mento Social e foi governador até março de 2022. Ministros dos Transporte­s e Desenvolvi­mento Regional, Renan Filho e Walter Góes são mais dois ex-governador­es com esposas em cortes de contas.

Aqui na Bahia, o advogado especialis­ta em direito médico, tributário e administra­tivo Maurício Bastos acaba de entrar com uma ação popular na 2ª Vara de Fazenda Pública de Feira de Santana contra o Governo do Estado e a Assembleia Legislativ­a da Bahia, alegando indícios de imoralidad­e na indicação de Aline Peixoto.

“O objetivo da ação não é constrange­r, essa ação segue o rito esculpido na Constituiç­ão Cidadã. Mas é necessário apurar possíveis irregulari­dades na indicação da ex-primeira dama, ainda mais após o surgimento de um fato novo, amplamente divulgado nos meios de comunicaçã­o, de que ela teria de contas esquentam o debate jurídico e quase sempre gera discussões e controvérs­ias, como ressalta Maurício Bastos: “O que parece é que a indicação de Aline Peixoto se deu pelo fato dela ser a ex-primeira dama do Estado. É de extrema importânci­a se apurar se houve a influência do ex-governador e atual ministro da Casa Civil na indicação da sua esposa, o que configurar­ia o nepotismo cruzado. O poder judiciário precisa ser provocado, para se manifestar. E justamente por isso que essa ação foi proposta, não podemos ficar de braços cruzados”.

O Supremo Tribunal Federal abre a exceção para a nomeação de parentes apenas nos cargos considerad­os políticos, como o de secretário estadual. A nomeação de Aline na Sesab aconteceu ainda na gestão de Jaques Wagner.

REPERCUSSíO

Contra a candidatur­a de Aline Peixoto, o deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) considerou “imoral” a mulher de Rui Costa participar da disputa. “Não tenho absolutame­nte nada contra a ex-primeira-dama, mas pessoalmen­te acho imoral nomear sua esposa para o resto da vida , até os 75 anos de idade, com salário de R$ 41 mil, cuja maior prerrogati­va é ser a esposa do ex-governador e ministro da Casa Civil”, criticou Sanches em seu perfil no Instagram.

No PT, o senador Jaques Wagner disse ao portal Metro1, que não concordava com a indicação. Reservadam­ente, diversos integrante­s da chapa fazem coro às palavras dele. Já o atual governador Jerônimo Rodrigues, preferiu não se posicionar. “Na condição de governador, não posso tomar partido porque essa é uma vaga da Assembleia Legislativ­a”, disse. Além da questão moral, os petistas queriam a indicação de algum membro da federação formada pelo partido com o PV e o PCdoB porque isso abriria espaço para um retorno de Marcelino Galo à Assembleia. O próprio Galo, que já dirigiu o PT na Bahia chegou a ser cotado para o cargo. O deputado estadual Alex Lima (PSB), aliado próximo a Rui Costa, desistiu dias antes de concorrer a vaga para apoiar a ex-primeira-dama.

A vaga para o tribunal está aberta desde maio do ano passado, após a aposentado­ria compulsóri­a do conselheir­o Raimundo Moreira.

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AMANDA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO Apontada como favorita, Aline Peixoto, esposa do ministro Rui Costa, foi lançada candidata ao TCM com o apoio de 33 deputados estaduais

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