AGONIA DA COR–I
Cor é luz. A luz e o olho nos conduzem a matizes, que o artista vai buscar aprofundar e construir relações com o sensível. A luz solar é a síntese. Talvez por isso Salvador reúna elementos luminosos diferentes, fundindo-os num todo coerente. A cor localiza o pintor, conectando a essência da matéria. Luz, cor, matiz existem em todo planeta, o diferencial é a claridade local, são as escolhas e adjacências das cores vizinhas, numa aglutinação, estabelecendo relações, vínculos de cores que se avizinham que se juntam, sem prejuízo das conexões. As cores têm que estar em solidariedade uma com as outras.
Há séculos que se busca uma definição decisiva para a Arte. A definição representa uma explicação mais objetiva, o significado de algo. Na arte parece não existir um enunciado definitivo que contemple a vastidão deste universo. No decorrer do tempo muitas definições, opiniões contaram a história da humanidade. Muitos filósofos, artistas, pensadores se inclinaram na pesquisa e estudos das artes plásticas, sua história, sua cultura. A primeira coisa que lhes interessou foram as cores. Então, a cor é de interesse maior, uma curiosidade que despertava cuidadosas reflexões.
Ver a obra de Genaro de Carvalho (foto). Não há concretude na cor. Os aspectos físicos/materiais deixemos para os cientistas, químicos e físicos. A cor é uma sensação produzida sob ação luminosa. A cor dos objetos varia de acordo com a luz que o ilumina. As sombras e cores são diminuição da luz ou a presença dela de forma acentuada. Os fenômenos visuais estão ligados à adaptação do olho ao ambiente.
A cor chegou a ser absolutamente sozinha, o todo de um quadro, especialmente para o francês Ives Klein (1928-1962), que morreu de infarto aos 34 anos e criou um tom de azul muito especial, o Azul Klein, o internacional Klein Blue (IKB), em 1958. Klein o patenteou e queria com isso a imaterialidade e a imensidão de sua própria visão utópica do mundo. A fórmula famosa, descoberta com a ajuda de um químico era Chrome 11 + Fire Fox 4 + Safari 6.1.2+, registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial a 19 de maio de 1960 em Paris. Hoje, uma cor internacional.
Depois do Impressionismo, notou-se no mundo um grande interesse pela cor, até atingir sua independência total. O pintor tem que buscar articulações na discordância de tons diversos, quando a cor surge delicada das nuances óticas. A Natureza quanto à cor, é mais em profundidade que em superfície. Todo pintor genuíno é refém de suas cores, que podem variar em solares e lunares. Não pode haver descompasso nas ideações.
Todo pintor genuíno é refém de suas cores, que podem variar em solares e lunares. Não pode haver descompasso nas ideações