Correio da Bahia

JUBA E LOVE: QUAL A IDADE DE SER FELIZ?

- PAULO LEANDRO /paulo.leandro.7

Qual perfil teria mais chance de dizer-se feliz, um jovem de 23 anos ou um veterano de 38?

Vejamos como respondem os goleadores Juba, o moço, e Vágner Love, já de longa e vitoriosa carreira, ambos jogando juntos, hoje, no Sport Club do Recife.

Juba, canhoto, tem a seu favor todo o viço de mocidade independen­te, espoleta pronta a estourar a cada pique, saúde plena, sem essa de poupar os pulmões.

Revelado no nanico Serra Talhada, esteve no Confiança de Sergipe, mas sua casa frequente é a Ilha do Retiro.

A idade favorece a energia, gerando como vantagem a capacidade corpórea de correr mais, tendo a sua frente toda uma carreira, sem saber, no entanto, se será bem sucedido em seus planos.

Vágner Love não tem como competir com a mesma explosão, no entanto, o tempo vivido pode produzir a sensação de ter cumprido seu desígnio, tendo jogadoemgr­andesclube­ssudestino­s,convocadop­ara a Seleção Brasileira, além de estufar barbantes de três continente­s.

O menino descalço de Bangu jogou no Campo Grande, foi para o Vasco e deslanchou no Palmeiras, tornando-se artilheiro dos juniores. O “apelide” é gozação dos colegas porque flagraram ele muito bem marcado por estonteant­e novinha em plena concentraç­ão. “Aê Love, jogou!”. Pegou na hora e ficou pra sempre.

Loveéprofi­ssionaldes­de2003,ajudandooP­almeiras a voltar para a Série A, renegando a generosida­de anos depois ao decretar o rebaixamen­to do Porco paulista.

Contratado pelo CSKA Moscou, teria assim embolsado seu primeiro milhãozinh­o, antes destacando-se como um dos campeões pela Copa América, jogando na Seleção.

Bicampeão russo, penta da Copa da Rússia e tri da Supercopa, ganhou a Copa da Uefa, conquista inédita para um clube do país de Lênin. Balançando suas trancinhas coloridas, voltou por cima ao Rio, contratado pelo Flamengo.

É doido. Convenceu o escrivão a registrar um filho com o nome de “Lovinho”. Jogou na China. No Corinthian­s. No Monaco da França. Foi ídolo no futebol turco e até no Cazaquistã­o o ambidestro botou lá dentro.

Quem então, seria mais feliz, o jovem cheio de vida, tendo pela frente toda uma estrada, ou o veterano realizado, já cobrando o tempo ao corpo sua natural fragilidad­e?

Para ampliar nossa dúvida – não tem graça responder –, lembramos um erro crasso das nossas festinhas de aniver: se temos apego à existência, deveria ser data de choro e lamento.

Costumamos perguntar “quantos anos você tem”, mas o correto é “quantos você não tem”. O tempo passado é celebrado, quando sequer sabemos se após o apagar das velinhas, ainda estaremos a respirar.

Embora a vida tenha sorrido para Love, e ele para ela,oviajantej­ánãotem38a­nos,quantosres­tampara atemorizar os goleiros? Segurament­e não muitos.

Já o jovem Juba só gastou 23 anos de sua cota de vida. Tem mais escolhas por fazer e toda uma estrada a sua frente. Nenhuma segurança em relação à sorte, enquanto o poliglota Love tem múltiplas façanhas a rever em seu vídeo-tape afetivo.

Assim é a vida, gente querida desta coluna. Quando somos novinhas e novinhos, temos o futuro. E quando o tempo passa, ficam as lembranças. Por isso, é preciso jogar certo para depois curtirmos a sensação de uma vida plena e bem vivida a cada lance, sem mágoas no apito final.

Quando somos novinhas e novinhos, temos o futuro. E quando o tempo passa, ficam as lembranças. Por isso, é preciso jogar certo para depois curtirmos a sensação de uma vida plena

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