JUBA E LOVE: QUAL A IDADE DE SER FELIZ?
Qual perfil teria mais chance de dizer-se feliz, um jovem de 23 anos ou um veterano de 38?
Vejamos como respondem os goleadores Juba, o moço, e Vágner Love, já de longa e vitoriosa carreira, ambos jogando juntos, hoje, no Sport Club do Recife.
Juba, canhoto, tem a seu favor todo o viço de mocidade independente, espoleta pronta a estourar a cada pique, saúde plena, sem essa de poupar os pulmões.
Revelado no nanico Serra Talhada, esteve no Confiança de Sergipe, mas sua casa frequente é a Ilha do Retiro.
A idade favorece a energia, gerando como vantagem a capacidade corpórea de correr mais, tendo a sua frente toda uma carreira, sem saber, no entanto, se será bem sucedido em seus planos.
Vágner Love não tem como competir com a mesma explosão, no entanto, o tempo vivido pode produzir a sensação de ter cumprido seu desígnio, tendo jogadoemgrandesclubessudestinos,convocadopara a Seleção Brasileira, além de estufar barbantes de três continentes.
O menino descalço de Bangu jogou no Campo Grande, foi para o Vasco e deslanchou no Palmeiras, tornando-se artilheiro dos juniores. O “apelide” é gozação dos colegas porque flagraram ele muito bem marcado por estonteante novinha em plena concentração. “Aê Love, jogou!”. Pegou na hora e ficou pra sempre.
Loveéprofissionaldesde2003,ajudandooPalmeiras a voltar para a Série A, renegando a generosidade anos depois ao decretar o rebaixamento do Porco paulista.
Contratado pelo CSKA Moscou, teria assim embolsado seu primeiro milhãozinho, antes destacando-se como um dos campeões pela Copa América, jogando na Seleção.
Bicampeão russo, penta da Copa da Rússia e tri da Supercopa, ganhou a Copa da Uefa, conquista inédita para um clube do país de Lênin. Balançando suas trancinhas coloridas, voltou por cima ao Rio, contratado pelo Flamengo.
É doido. Convenceu o escrivão a registrar um filho com o nome de “Lovinho”. Jogou na China. No Corinthians. No Monaco da França. Foi ídolo no futebol turco e até no Cazaquistão o ambidestro botou lá dentro.
Quem então, seria mais feliz, o jovem cheio de vida, tendo pela frente toda uma estrada, ou o veterano realizado, já cobrando o tempo ao corpo sua natural fragilidade?
Para ampliar nossa dúvida – não tem graça responder –, lembramos um erro crasso das nossas festinhas de aniver: se temos apego à existência, deveria ser data de choro e lamento.
Costumamos perguntar “quantos anos você tem”, mas o correto é “quantos você não tem”. O tempo passado é celebrado, quando sequer sabemos se após o apagar das velinhas, ainda estaremos a respirar.
Embora a vida tenha sorrido para Love, e ele para ela,oviajantejánãotem38anos,quantosrestampara atemorizar os goleiros? Seguramente não muitos.
Já o jovem Juba só gastou 23 anos de sua cota de vida. Tem mais escolhas por fazer e toda uma estrada a sua frente. Nenhuma segurança em relação à sorte, enquanto o poliglota Love tem múltiplas façanhas a rever em seu vídeo-tape afetivo.
Assim é a vida, gente querida desta coluna. Quando somos novinhas e novinhos, temos o futuro. E quando o tempo passa, ficam as lembranças. Por isso, é preciso jogar certo para depois curtirmos a sensação de uma vida plena e bem vivida a cada lance, sem mágoas no apito final.
Quando somos novinhas e novinhos, temos o futuro. E quando o tempo passa, ficam as lembranças. Por isso, é preciso jogar certo para depois curtirmos a sensação de uma vida plena