Anvisa suspende uso de máscaras em voos
COVID A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) derrubou a exigência de máscaras em aeroportos e aeronaves no Brasil como forma de prevenção à covid-19. O órgão federal, porém, mantém a recomendação de uso. A suspensão havia sido pedida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que se baseou em uma revisão de estudos internacionais publicada na Cochrane Library, cuja principal conclusão é de que a proteção facial não teria impacto significativo. O diretor da Anvisa Alex Campos, terceiro a votar na reunião desta quarta, reforçou que as máscaras continuam sendo importantes no combate à pandemia. Segundo ele, a proteção segue recomendada para pessoas com sintomas respiratórios.
O estudo avaliou a eficácia da máscara na prevenção de doenças respiratórias. O trabalho revisa dados de outros 12 estudos e é assinado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A principal conclusão da revisão é que a máscara faz “pouca ou nenhuma diferença” como política de saúde pública destinada a evitar a disseminação de vírus respiratórios.
Um artigo de opinião assinado pelo jornalista conservador Bret Stephens e publicado no New York Times reforçou: “Quando se trata dos benefícios do uso de máscara em nível populacional, o veredito é: o uso obri
Tirar desse estudo a conclusão de que uma barreira mecânica não protege contra uma doença viral de transmissão respiratória é uma estupidez completa Margareth Dalcolmo pneumologista da Fiocruz
gatório foi um fracasso.” Antes mesmo de o artigo ser publicado, o CFM já havia elencado o estudo de Oxford no ofício enviado à Anvisa, datado de 13/2: “Diferentemente do que ocorre no contexto de profissionais de saúde em ambientes hospitalares, não há justificativa científica para a recomendação ou obrigatoriedade do uso de máscaras pela população em geral como política pública de combate à pandemia de covid-19.”
A pneumologista brasileira Margareth Dalcolmo, no entanto, aponta falhas na revisão da Cochrane Library e defende a obrigatoriedade de máscaras em aviões e aeroportos. Ela afirma que os cientistas britânicos compararam situações e momentos em que não houve um controle sobre como as máscaras teriam sido usadas.
“Foi uma infelicidade da Cochrane misturar uma revisão sistemática com uma meta-análise; fica uma salada, analisaram situações e momentos diferentes. Tirar desse estudo a conclusão de que uma barreira mecânica não protege contra uma doença viral de transmissão respiratória é uma estupidez completa”, justifica a médica da Fiocruz, que é uma das maiores especialistas do país em covid-19.