Desfecho de um resgate
Encontrada pela Polícia Militar em situação de abandono, no bairro do Jardim Cruzeiro, na última quarta-feira, uma recém-nascida levada à Organização de Auxílio Fraterno (OAF), na Liberdade, dividiu as atenções com a jornalista Glória Maria, morta há um mês, aos 73 anos, em decorrência de um câncer.
É que, nesta quinta, havia uma missa em homenagem à jornalista na Capela de São José, na instituição. Mais que isso: coincidentemente, foi na OAF onde Glória adotou suas filhas, Maria, 15, e Laura, 14, em 2009, quando prestava trabalho voluntário à organização.
Daí, o diretor-presidente Jozias Sousa teve a ideia de dar à bebê o mesmo nome que o apresentadora do Globo Repórter: “Pelo fato de a criança ter chegado à véspera da data de um mês de falecimento dela, eu propus ao juiz [da 1ª Vara da Infância e da Juventude] que pudesse colocar nela esse nome”.
O que ele não sabia, porém, é que a bebê de apenas 1 mês já tem um nome: Thaila Vitória Souza Conceição. Os pais da menina, a autônoma Bianca Souza Rodrigues, 18, e o ajudante de pedreiro Elson Conceição, 21, foram até a Organização de Auxílio Fraterno. Segundo informações obtidas pela TV Bahia, na quarta-feira, enquanto Elson trabalhava, Bianca foi a uma casa que tinham interesse em alugar. Por isso, a criança ficou só. No reencontro com a filha, a mulher não se conteve: “Eu quero minha filha!”, gritou, aos prantos. Bianca sofre de depressão e, como faz uso de remédio controlado, não pode amamentar Thaila.
A menina permanecerá na OAF enquanto a Polícia Civil conduz a investigação. Em seguida, haverá a decisão sobre o destino da criança, pela 1ª Vara da Infância e da
Os vizinhos relataram que a mãe costuma sair e deixar a bebê em casa Uracy Freire sargento da PM
Nós não podemos liberar essa criança sem que haja determinação do juiz Jozias Sousa diretor-presidente da OAF
Juventude. “A mãe da criança se apresentou na unidade informando que havia saído e deixado a criança sozinha. [...] A unidade instaurou um Inquérito Policial para apurar o abandono”, informou a polícia por meio de nota.
O diretor-presidente da ONG se colocou à disposição dos pais de Thaila Vitória, que têm outros dois filhos, de 1 e 2 anos, caso eles queiram visitar a pequena. “É natural e, inclusive, aconselhável que eles façam isso. Agora, retirar a criança daqui não cabe à OAF. Uma vez acolhida, nós não podemos liberar essa criança sem que haja uma determinação do juiz”, afirmou Jozias Sousa.
Os agentes da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) foram até o Jardim Cruzeiro após uma denúncia de abandono de incapaz. No local, o sargento
Uracy Freire e o soldado Valdson Tadeu ouviram um choro incessante de bebê vindo do imóvel. “A gente encontrou a porta meio aberta. Adentramos, fizemos uma verificação nos cômodos da casa e, no quarto, vimos a bebê”, contou Freire.
Segundo o sargento, a recém-nascida não apresentava sinais de maus-tratos, mas se encontrava faminta. “Ela estava bastante agitada, chorando. E no momento em que eu a coloquei no meu colo ela parou de chorar”, relembrou. “Vale ressaltar que os vizinhos relataram a nossa guarnição que a mãe costuma sair e deixar a bebê em casa”, acrescentou. Freire disse, ainda, que os policiais aguardaram, por cerca de meia hora, a chegada de algum responsável. Ninguém, no entanto, apareceu. MARCOS FELIPE SOARES