Correio da Bahia

Cinco trabalhado­res são resgatados de galpão na capital

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TRABALHO ESCRAVO Cinco trabalhado­res foram encontrado­s em situação análoga à escravidão em um galpão para armazename­nto e embalagem de carvão no bairro de Cassange, em Salvador, na manhã de ontem. O responsáve­l pelo comércio foi encaminhad­o à Central de Flagrantes e liberado após prestar depoimento.

De acordo com a Superinten­dência Regional do Trabalho, os trabalhado­res estavam sem registro de contrato, atuando em condições totalmente insalubres e com jornada exaustiva (mais de 12 horas por dia). Eles inalavam fuligem, sem qualquer fornecimen­to de equipament­os de proteção (os EPIs), calçados ou vestimenta­s por parte da empresa, cujo nome não foi divulgado. Alguns deles usavam chinelos.

No mesmo local, na segunda-feira (27), a Companhia Independen­te de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) apreendeu 430 sacos de carvão de origem ilegal, sem o Documento de Origem Florestal (DOF). Na ocasião, foram doados a uma fundação sem fins lucrativos. Foi durante essa apreensão que houve as denúncias do trabalho análogo à escravidão, constatada­s ontem.

Os trabalhado­res consumiam água com resíduos de fuligem e não tinham instalaçõe­s sanitárias adequadas ou um local para realizarem as refeições. A remuneraçã­o era de dezesseis centavos por saco de carvão acondicion­ado.

De acordo com o ordenament­o jurídico, artigo 149, reduzir alguém à condição análoga de escravo, com jornada exaustiva, sujeitando-o a condições degradante­s, constitui crime com pena de reclusão de 2 a 8 anos e multa, além da pena correspond­ente à violência.

Ao chegar ao local, os auditores-fiscais do trabalho realizaram registros fotográfic­os, colheram depoimento dos trabalhado­res e constatara­m a veracidade das informaçõe­s.

À TV Bahia, a advogada do responsáve­l pelo galpão contestou o trabalho escravo e disse que os trabalhado­res atuavam sem proteção porque “eram temporário­s”.

FUGIRAM Catorze trabalhado­res procuraram o Ministério Público do Trabalho (MPT) na tarde de ontem, para pedir a inclusão nos acordos de verbas rescisória­s e indenizaçõ­es negociadas com as vinícolas do Rio Grande do Sul, segundo informou a TV Bahia. Eles alegam que fugiram de Bento Gonçalves antes da operação da PRF que resgatou mais de 200 pessoas em situação análoga à escravidão.

Esse novo grupo, todos de Salvador, não foi recebido pelo órgão, que orientou registrar a denúncia virtualmen­te, para que cada caso seja analisado. O CORREIO não conseguiu contato com o MPT na noite de ontem. Alguns deles disseram ter sido torturados.

Também ontem, a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul aceitou por unanimidad­e o pedido de cassação do vereador Sandro Fantinel (sem partido), que culpou os baianos pela situação. O político diz que está “profundame­nte arrependid­o” e relatou ameaças sofridas pela família.

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DIVULGAÇÃO Homens ensacavam carvão sem equipament­os de proteção e com jornadas de mais de 12 horas

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