Correio da Bahia

História de dor, luta e redenção

Musical A Cor Púrpura chega à Concha Acústica em mega produção com 18 atores

- Roberto Midlej REPORTAGEM roberto.midlej@redebahia.com.br

A versão brasileira do espetáculo A Cor Púrpura - O Musical estreou no Rio de Janeiro, em setembro de 2019. Passou por algumas cidades antes de chegar a Salvador, em março de 2020, pouco antes da pandemia suspender a turnê da montagem.

A passagem pelo Teatro Castro Alves, em quatro apresentaç­ões, impression­ou o diretor Tadeu Aguiar, por um motivo especial: “Foi inacreditá­vel o que vimos ali! Pela primeira vez, tinha muita gente preta na plateia. Era tudo o que eu sonhava: ver uma plateia onde as pessoas se reconheces­sem no palco. Foi uma emoção muito grande!”.

Agora, três anos depois, há grandes possibilid­ades de Tadeu sair de Salvador ainda mais emocionado, já que, desta vez, o espetáculo será apresentad­o na Concha Acústica, onde a capacidade de público é três vezes maior que a do TCA. Se no teatro cabem 1,5 mil pessoas, na Concha se acomodam cinco mil.

O musical que será apresentad­o hoje e amanhã é baseado na montagem exibida na Broadway na década passada e tem inspiração também no livro e no filme que Steven Spielberg dirigiu em 1985, estrelado por Whoopi Goldberg.

A história, passada na zona rural dos EUA no início do século XX, é protagoniz­ada por Celie (Amanda Vicente), mulher negra que luta contra a opressão imposta principalm­ente pelo pai e pelo marido.

Na adolescênc­ia, Celie teve dois filhos do homem que supostamen­te é seu pai e que a ofereceu a um fazendeiro para cuidar da casa e dos filhos dele, sem que ela recebesse salário. Celie é afastada da irmã caçula Nettie e passa a morar com o marido, Mister (Wladimir Pinheiro). Enquanto a protagonis­ta resigna-se ao sofrimento, outras duas mulheres, Sofia (Érika Afonso) e Shug (Flávia Santana), entram em cena, mostrando que há possibilid­ade de mudanças e novas perspectiv­as, esperança e até prazer.

A tradução do jornalista Artur Xexéo (1951-2021) é muito elogiada por Tadeu:

“Ele traduziu as letras das músicas e os diálogos e era um trabalho muito difícil, porque é a língua inglesa que era falada por negros no início do século XX. Então, tinha que pegar o jeito dos personagen­s falarem no texto original e manter isso em português. E Xexéo fez isso muito bem!”.

ALMA EM CENA

No elenco, estão 18 atores e atrizes negros que passaram por testes para o espetáculo. Ainda que muitos não tivessem larga experiênci­a, Tadeu ressalta o extraordin­ário talento deles: “O Brasil produz artistas para musicais, até melhor que os EUA. Muitos dos artistas dessa montagem não estudaram por impossibil­idade financeira e foram excluídos da sociedade por serem pretos. Podem não ter técnica de balé, técnica vocal, mas têm uma alma inacreditá­vel”.

Segundo ele, muitos artistas que estiveram na montagem de 2019, tiveram que deixar o musical porque foram convidados para outras peças, em razão da qualidade de suas atuações.

A Cor Púrpura trata de assuntos como violência doméstica, estupro e incesto. Com tantos temas ‘pesados’, como conciliá-los com um musical, gênero quase sempre associado ao entretenim­ento e à ‘leveza’? “O tema é pesado e o público sofre com a peça. Mas tem alguns respiros cômicos, por exemplo, com Harpo, que é um homem feliz e tem muito amor a dar. É um drama que tem contato com o humor. As pessoas pensam que musical é só sapateado e uma história banal. Mas podemos fazer um espetáculo musical sobre qualquer coisa”, defende Tadeu.

O diretor diz que a equipe está ansiosa para levar a montagem à Concha também por se tratar da primeira apresentaç­ão em espaço ao ar livre. “É a primeira vez que nos apresentar­emos para um público tão grande. Nos EUA e na Europa, é até comum isso acontecer. Mas no Brasil não. Será um momento lindo para a companhia”, explica. O diretor ressalta que quase mil ingressos são distribuíd­os gratuitame­nte por dia, por exigência da Lei Rouanet. Segundo ele, os bilhetes são direcionad­os a ONGs relacionad­as a causas negras.

A COR PÚRPURA | HOJE E AMANHÃ, 18H30, NA CONCHA ACÚSTICA DO TCA | INGRESSOS: PLATEIA - R$ 70 / R$ 35 ( 2º LOTE) E R$ 90 /R$ 45 3º LOTE); CAMAROTE - R$ 180 / R$ 90 (2º LOTE) E R$ 200 / R$ 100 (3º LOTE) | DESCONTO DE 40% PARA CLIENTES CLUBE CORREIO SOBRE A INTEIRA DE PLATEIA.

Muitos dos artistas dessa montagem não estudaram por impossibil­idade financeira e foram excluídos da sociedade por serem pretos. Podem não ter técnica, mas têm uma alma inacreditá­vel Tadeu Aguiar

diretor de A Cor Púrpura

a sua bolsa na faculdade. Lui chega para a jornada do Sagrado Masculino e fica surpreso ao encontrar Fábio. Theo se aproxima de Sol, que fica abalada. Bruna fala com Jairo sobre Theo, e o segurança de Lui aborda o vilão. 19H40

Travessia Ari pede a Núbia para fazer a mala de Tonho, e pede segredo à mãe. Guida comenta com Cotinha sobra a proposta que recebeu do advogado Prates para alugar sua casa por dois meses. Laís e Monteiro dizem a Isa que o psicólogo informou que o caso de Theo é grave. Moretti diz a Stenio que deseja pedir judicialme­nte um exame de DNA para a comprovaçã­o da paternidad­e de Ivan. Prates avisa a Ari que alugou a casa de Moretti. Joel não acredita na mudança de Zezinho. Inácia mostra a mansão para Ari e Núbia. Guida se muda para a casa de Guerra. Brisa encontra Bia. 21H20

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CYNTHIA SALLES/DIVULGAÇÃO 1 1 A Cor Púrpura tem 18 atores negros, palco giratório de seis metros de diâmetro e será encenado hoje e amanhã 2 Na história duas irmãs são separadas e cada uma enfrenta uma jornada de dor e descoberta­s
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RAFAEL NOGUEIRA/DIVULGAÇÃO 2

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