Cabritas ainda têm fôlego para brincar
Tudo começou quando o técnico industrial Arnaldo Castro perdeu o Carnaval de 2003. Ele passou a folia trabalhando, mas decidiu que iria brincar pelo menos um dia. No domingo após a Quarta-Feira de Cinzas, o morador da Rua Ana Piedade, na Boa Vista do Lobato, reuniu os amigos, abriu a mala do carro e o grupo saiu pelas ruas comemorando a festa de Momo.
No ano seguinte fizeram camisetas. Daí para as fantasias caprichadas e os trios elétricos foi um pulo. Arnaldo morreu, em 2018, mas o filho, Robson Castro, deu continuidade à festa que cresceu ano após ano.
“Meu pai pediu aos amigos, ‘vai todo mundo para casa, coloca uma roupa da mulher ou da filha e volta para a gente brincar nosso Carnaval’. Ele abriu a mala do carro, onde ficava o som, pegou cordas de varal e emendou, para arrodear o carro, e chamou a vizinhança para participar”, lembra Rodbson “No ano seguinte, minha mãe comprou came [tecido] para fazer as roupas e deu nome de As Cabritas”.
Apesar do endereço das correspondências indicar
Boa Vista do Lobato, os moradores disseram que a região é conhecida como Alto do Cabrito, por isso, o nome do bloco. No começo a festa era chamada de Lavagem das Cabritas, mas com a chegada de novos blocos organizados por outros vizinhos o evento passou a ser chamado de Ressaca das Cabritas.
Quando tudo começou Uelder França, 34 anos, era um adolescente. “A festa acontecia no domingo logo após o fim do carnaval, mas a Polícia Militar pediu para a gente mudar a data, porque muitos policiais estavam esgotados. Para dar tempo de a tropa descasar a gente começou a fazer no segundo fim de semana após o carnaval”, contou.
Nos dois anos em que a festa esteve suspensa por conta da pandemia os moradores reclamaram. Ontem, cerca de mil foliões compraram a camisa para desfilar com as Cabritas. Outros blocos também registraram públicos acima de 500 pessoas. Foram cerca de dez atrações, com nomes conhecidos como Oh Polêmico, Anna Catarina e O Kannalha.
Anna Catarina desfilou pela manhã no Bloco Beijinho, para o público infantil. As crianças tomaram conta do circuito. Além do abadá, muitos investiram em fantasias. Teve fadas, abelhinhas, super-heróis e muito confete e espuma.
O pequeno Daniel Silva, 10 anos, disse que estava ansioso e com saudades da festa. Já a fadinha Emilly Souza, 7, contou que essa foi a primeira ressaca de carnaval dela. “Está tudo lindo. Eu estou adorando. Quero vim de novo ano que vem”, contou.
A chuva tentou atrapalhar a festa da criançada, mas ninguém arredou o pé. Os pais abriram sombrinhas e guarda-chuvas e seguiram atrás do trio elétrico. No meio dos pequenos havia algumas ‘Morambritas’, fantasia oficial do Bloco As Cabritas, neste ano, em referência a personagem infantil Moranguinho.
A Ressaca começou na sexta-feira com festas exclusivas nos camarotes montados ao longo do circuito. No sábado, foram trios e grupos de fanfarra. E ontem, os blocos que já são tradicionais na festa.