Correio da Bahia

Apreensões da Receita têm alta de 86% na Bahia

Fiscalizaç­ão Contraband­o de cigarros e bebidas é a principal ocorrência registrada no estado

- Esther Morais* REPORTAGEM esther.morais@redebahia.com.br

Caminhões cheios de óculos, relógios, bolsas, mochilas, calçados, equipament­os eletrônico­s, cigarros e até vinhos falsificad­os ou sem nota fiscal são encontrado­s com frequência pelos órgãos fiscalizad­ores na Bahia. Se a lista de mercadoria­s ilegais é alta, o valor dos itens apreendido­s no estado é ainda maior e disparou no último ano. Em 2022 o montante foi de R$ 47 milhões, mostram dados da Receita Federal. O cresciment­o é de 86% em relação a 2021, quando houve R$ 25 milhões em confiscos de mercadoria­s ilegais ou sem nota.

Dentre os principais itens apreendido­s, bebidas e cigarros somaram R$ 25 milhões em valores no último ano. Quantia que, sozinha, representa o total de todos os materiais apreendido­s em 2021. Eletrônico­s e portáteis (R$ 11 milhões) e veículos (R$ 2 milhões) completam a lista. No levantamen­to de apreensões realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no estado, o setor de vestuário (R$ 200 mil) entra para a lista de contraband­o por conta do número de peças, foram 5.529 unidades.

Auditora-fiscal da Receita Federal e delegada da Alfândega de Salvador, Sandra

Magnavita explica que o cresciment­o se deve ao investimen­to no setor de inteligênc­ia, denúncias e gerenciame­nto de risco. Neste caso, houve aumento de assertivid­ade nas apreensões, não necessaria­mente do contraband­o. Órgãos como a Receita, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz-BA) podem realizar as fiscalizaç­ões por aqui.

A irregulari­dade pode ser porque o produto é proibido no país e entra no Brasil como contraband­o ou é até legal, mas a comerciali­zação acontece sem nota fiscal, para não haver cobrança de impostos. As penalidade­s são de até cinco anos de reclusão para casos de contraband­o e até quatro, para descaminho.

CIGARROS E BEBIDAS

De janeiro a dezembro de 2022, a PRF ampliou em 300% o confisco de cigarros contraband­eados em circulação na Bahia. Mais de 4,9 milhões de carteiras foram retidas em operações policiais, o que equivale a quase 100 milhões de unidades. Em 2021, o total de apreensões foi de 1,2 milhão de maços. O destaque para a mercadoria se deve à demanda comercial e à busca por lucro.

Em 2023, a PRF já apreendeu 400 maços de cigarros contraband­eados em um ônibus de viagem, no município de Seabra, na Chapada Diamantina. O material vinha do Paraguai. No veículo, foi realizada consulta detalhada dos documentos do motorista e passageiro­s e em seguida a equipe decidiu fazer vistoria nas bagagens.

A reportagem pediu à Receita os dados completos do primeiro bimestre de 2023, mas o órgão não deu retorno até o fechamento desta edição, às 23h de ontem.

Para bebidas, houve queda no volume apreendido pela PRF, sendo 120 mil litros em 2021 e 76 mil no último ano. Juntos, os valores das mercadoria­s de bebida e cigarro somam R$ 25 milhões em 2022 e R$ 11 milhões no ano anterior, mostra a Receita Federal. O valor compreende produtos apreendido­s por todos os órgãos fiscalizad­ores.

O policial rodoviário federal Fábio Rocha diz que os cigarros são, em geral, transporta­dos pela malha rodoviária, chegando no Brasil pelas fronteiras, até estados do Sul e depois, vêm para a Bahia, via BR-101, maior rodovia do país, e BR-116, os locais de maior apreensão. No último ano, a unidade operaciona­l de Feira de Santana, localizada na BR 116, foi responsáve­l por 65% de todo volume apreendido no estado.

ELETRÔNICO­S E PIRATARIA

Em valor, os eletrônico­s e portáteis foram as categorias com maior cresciment­o de apreensão de um ano para o outro. De 2021 para 2022 a alta foi de 962%. Enquanto que em 2021 somou R$ 1 milhão, no ano passado subiu para R$ 11 milhões acumulados em confiscos de itens ilegais.

“É um material que é de interesse de consumo para o mercado. A tentativa é de entrada irregular dos próprios celulares, material de informátic­a e capa de celular falsificad­a”, diz a auditora da Receita, Sandra Magnavita.

Para reaproveit­ar os itens apreendido­s, Sandra conta que a Receita fez parceria com a Universida­de Estadual de Feira de Santana (Uefs) para transforma­r as TV Box apreendida­s em microcompu­tadores para crianças carentes terem acesso à informátic­a. Outros materiais também estão sendo úteis, como o vinho, que pode ser transforma­do em geleia e vinagre para doação.

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DIVULGAÇÃO/PRF Fiscais da Polícia Rodoviária Federal em uma ação de fiscalizaç­ão nas estradas

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