Correio da Bahia

Onde estão as mulheres no Oscar 2023

Cinema Premiação que acontece neste domingo tem 14 diretoras indicadas em diversas categorias

- Roberto Midlej REPORTAGEM roberto.midlej@redebahia.com.br

Desde 2019, nos acostumamo­s a ver mulheres candidatas ao Oscar de melhor direção. Vimos também as produções dirigidas por elas serem ao menos indicadas à premiação mais cobiçada da noite, de melhor filme. Mas neste domingo, a história vai ser diferente: não há sequer uma mulher indicada a direção. Na lista de dez candidatos a longa do ano, há apenas uma diretora: Sarah Polley, de Entre Mulheres.

No ano passado, Jane Campion foi a vencedora de melhor direção por Ataque dos Cães, que concorreu ainda a melhor filme. Campion também foi indicada como roteirista. No ano anterior, a chinesa Chloé Zhao venceu a estatueta por direção em Nomadland, que levou o prêmio de melhor filme.

Mas, afinal, o que aconteceu para que as cineastas estivessem ausentes da festa do cinema deste ano? Será que não havia bons filmes dirigidos por elas? Para a baiana Hilda Lopes Pontes, diretora de curtas-metragens, Sarah Polley poderia ser uma das candidatas: “Ela ‘carrega’ um pouco na direção, mas me agrada mais que alguns diretores que estão ali. Além disso, há alguns diretores que parecem participar de uma dança das cadeiras, como Spielberg, Eastwood e Scorsese. Pelo menos um deles sempre está lá”.

Hilda, no entanto, reconhece a qualidade de The Fabelmans, de Steven Spielberg, que concorre a filme e direção: “Neste ano, a indicação dele como diretor é justa. Mas me pergunto se nos anos anteriores as indicações também foram ou se em alguma ocasião uma mulher devia ter sido indicada no lugar dele”. Esta é a nona indicação do veterano americano.

Houve ainda outros filmes com direção feminina que chegaram a ser apontados como possíveis candidatos ao prêmio principal, como A Mulher Rei, de Gina Prince-Bythewood; Till - A Busca por Justiça, de Chinonye Chukwu; Ela Disse, de Maria Schrader, e Aftersun, de Charlotte Wells. Mas nenhum teve a expectativ­a atendida.

No entanto, espalhados em diversas categorias, há neste ano ao menos 14 filmes dirigidos por mulheres. Um dos destaques é Red: Crescer é Uma Fera, da chinesa Domee Shi. O longa que concorre a melhor animação é da Disney/Pixar e está disponível no Disney+. Conta a história de uma adolescent­e que, quando fica muito nervosa, se transforma em um grande panda vermelho. Mas a animação corre por fora na busca pelo prêmio, já que Pinóquio, de Guillermo Del Toro, é apontado quase unanimemen­te como favorito.

Na Netflix, está o favorito a melhor documentár­io em curta-metragem, Como Cuidar de um Bebê Elefante, de Kartiki Gonsalves. É a história de um casal indiano que se apaixona por um elefante órfão e lutam para garantir a sobrevivên­cia do animal. No mesmo streaming, tem O Efeito Martha Mitchell, de Anne Alvergue, também candidato a documentár­io em curta.

Ainda na Netflix, está Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft, que mostra a história de um casal de cientistas que morreu durante uma explosão vulcânica. A direção é de Sara Dosa e o filme divide o favoritism­o com Navalny, dirigido por um homem, Daniel Roher. Na mesma categoria, tem também All the Beauty and the Bloodshed, de Laura Poitras.

Embora as mulheres não sejam indicadas ao prêmio de direção, é possível conhecer o talento delas em outras categorias e torcer para que, ano que vem, estejam no lugar que merecem.

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DIVULGAÇÃO O ótimo Red: Crescer é uma Fera, de Domee Shi, está disponível no Disney+

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