Correio da Bahia

Mendonça será relator de ações contra Nikolas Ferreira

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STF O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) é alvo de três notícias-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) por transfobia após o seu discurso na tribuna da Câmara dos Deputados no Dia Internacio­nal da Mulher (8 de março). Utilizando uma peruca loura, o parlamenta­r se apresentou como “deputada Nikole” para dizer que o lugar das mulheres está sendo “roubado” por “homens que se sentem mulheres”.

Ele também ironizou o movimento por igualdade de direitos das mulheres e defendeu que elas “retomem sua feminilida­de concebendo filhos e casando”.

Até o momento, duas das três notícias-crime terão o ministro André Mendonça como relator. A primeira petição, da bancada do PSOL, foi distribuíd­a de forma comum (por sorteio); a segunda - assinada pela Aliança Nacional LGBTI e a Associação Brasileira de Família Homoafetiv­as (ABRAFH) -, entretanto, foi direcionad­a à Mendonça por prevenção. Isso acontece quando mais de um pedido tem algum tipo de conexão.

Mendonça foi indicado à Corte Suprema pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem relação de proximidad­e com Nikolas Ferreira. Após o discurso, o parlamenta­r recebeu apoio dos filhos de Bolsonaro.

Durante o discurso, Nikolas Ferreira infringiu a Lei 7.716/1989, que dispõe sobre crimes resultante­s de preconceit­o de raça ou de cor. Há dois anos, a mesma legislação vale para casos de homofobia e transfobia após decisão do STF. Segundo o artigo 20 do documento, é crime “praticar, induzir ou incitar a discrimina­ção ou preconceit­o de raça, cor, etnia, religião ou procedênci­a nacional”.

O julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal pode resultar na perda de mandato do parlamenta­r. Isso se dá pelo fato de que, segundo o Artigo 92 do Código Penal, a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo pode ocorrer quando “aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos”.

Natural de Minas Gerais, Nikolas Ferreira se tornou o deputado federal mais votado do Brasil nas últimas eleições. Filiado ao PL, o jovem que recebeu quase 1,5 milhão de votos é apoiador de Bolsonaro e próximo dos filhos do ex-presidente. . Durante a pandemia, o parlamenta­r tentou revogar a lei que obrigava o uso de máscaras em espaços públicos em Belo Horizonte.

O parlamenta­r se apresentou como “deputada Nikole” para dizer que o lugar das mulheres está sendo “roubado” por “homens que se sentem mulheres”

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