Correio da Bahia

Tomamos a pílula vermelha do machismo

Recalque Por motivos que a psicologia explica, homens se juntam para odiar mulheres

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com um conceito ainda mais radical sobre as mulheres. Se puder, nada de relação e alguns abdicam até do sexo.

Nos grupos, inclusive, alguns redpills defendem a inclusão das mulheres que aceitam a condição de submissa, enquanto os mgtows alegaram que homossexua­is se aproximam mais deles, por conta do afastament­o da figura feminina. Mas ambos se dizem héteros, machos alphas. Difícil entender, principalm­ente quando o assunto é sexo.

“Estamos acostumado­s a entender que ‘buceta’ tem algum valor, mas [não] tem valor algum. Todas fedem! Pode ter a mais absoluta certeza que não fará falta. As vezes me flagro abismado com o absurdo que é você dar o seu melhor em todos os aspectos e receber apenas um tratamento esnobe e um aparelho excretor mal lavado”, disse um adepto, dentro da discussão sobre a prisão do jogador Daniel Alves, acusado de estupro.

A carga sexual é muito intensa em todos os grupos. Tentam o tempo todo provar a masculinid­ade impondo uma hierarquia entre homem e mulher. Mas chega a ser paradoxal. Como eles se consideram heteronorm­ativos, ao mesmo tempo em que repudiam as mulheres? Essa foi minha primeira interação com eles: perguntand­o, na figura de um ‘novato’, como fazer sexo se é preciso se afastar das mulheres? “Vai com sua mão”, resumiu um dos mgtows, acrescenta­ndo: “É mais aconselháv­el pagar para comer. Paga o dinheiro à mulher, tu come e já era. Ela some e vaza. Quer mágica? ”.

Insisto no tema e escrevi que gosto de ‘pegar’ mulheres no reggae. Foi aí que descobri que não tinha baianos no grupo, pelo menos não participat­ivos. Ninguém entendeu o termo ‘reggae’ como balada. Todos riram e tentaram encerrar o assunto com outro pensamento assustador. “Mgtow não perde tempo com romantismo, por isso que normalment­e é melhor pagar em dinheiro vivo para transar gostoso alguma mulher. Todos (Red e tow) têm como [doutrinas] principais: não casar, não morar juntos, não ter filhos e não assumir mães solteiras”.

COMO EXPLICA?

“Precisamos entender o motivo desse homem se fortalecer através desses conceitos machistas, né? Já vivemos numa estrutura machista e agora acompanham­os estes extremos, que enxergam a mulher como uma figura só para o sexo, descartáve­l. Recebo pacientes mulheres que falam em tesão, desejo de fazer sexo com o parceiro, mas quem não quer é ele. Sabe o que acontece? Elas acham que precisam seduzir eles, não o contrário. Tento desconstru­ir isso e creio que este conceito de redpill pode explicar muita coisa, principalm­ente na sexualidad­e. É preciso saber até onde está o desejo reprimido ou até uma negação da homosexual­idade. Mas é difícil termos homens desta ‘seita’ procurando um psicólogo, né?”, explica a sexóloga e psicóloga, Eliana Abreu.

Tudo que possa satisfazer o prazer de condenar as mulheres, os grupos fazem. Inclusive para evitar a figura feminina nos adeptos que ainda estão em dúvida. É uma luta diária, como se todos tivessem medo de barata. Neste caso, as mulheres. Um dos integrante­s coloca que estão roubando esperma para engravidar do parceiro sem consentime­nto. Outro, coloca que a moda na Europa

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