Babi Cruz não pode namorar
Porque a mulher engordou, porque a mulher está "desleixada", porque a mulher não "dá atenção". Porque a mulher pariu (filho do casal), porque a mulher "mudou", porque o tempo "desgastou a relação", porque a mulher envelheceu (às vezes, aos 25 anos, como Tom Cruise acha). Porque a vizinha "deu mole". Porque o homem está sem tempo "pra ler um livro", como vimos aquele ator Luis Navarro anunciar.
Também porque nasceu um filho com deficiência. Ou porque a mulher descobriu um câncer. Porque a mulher entrou em depressão, ou teve um acidente que a deixou com sequelas. Porque a mulher foi presa. Porque a mulher entrou na menopausa. Porque a mulher precisou trazer algum idoso da família dela pra cuidar em casa. Porque a empresa transferiu o homem pra outro estado e a mulher não quis "acompanhar".
Todos esses - e muitos outros - são motivos socialmente aceitos para que maridos "arranjem outra". Para que traiam em relações monogâmicas, nas quais o combinado é ficar só com uma (e com um). Combinaram porque quiseram, ninguém obrigou. Mas não cumprem e isso, como sabemos, é o mais comum. Pelos mais diversos motivos. Quer dizer, quando tem "motivo" porque, na maioria das vezes, traição masculina sequer precisa de algum. "Homem é assim mesmo", em geral, fecha a questão.
O que não me causa qualquer preocupação. Não sou uma ararinha azul, humanos (homens e mulheres) são poligâmicos por natureza e, há algum tempo, eu não prometo (nem cobro) exclusividade a homem nenhum. Besta é quem insiste nessa viagem. Pra mim, esse tempo já passou e nunca deu certo. Eu sempre quis outros, assim que arrefecida a paixão. Eles também estavam no direito deles de querer outras. Zero questão.
Já me chateei, claro. Mas foi por ter, eventualmente, controlado meus instintos - porque era o combinado - enquanto o outro fazia o que queria, tentando esconder de mim. Ou seja, eu tinha me privado e o "presente de deus" não. Pense numa raiva. De todo modo, não fiquei traumatizada pelas "traições" no sentido sexual da palavra. Só não sei se traumatizei alguém, porque também "traí" bastante. Se sim, foi mal aê, man. Mas faz parte.
Isso é uma coisa. Quase sem importância, na minha opinião. Mas a outra coisa é gravíssima e (junto com mais infinitos motivos que ficam pra depois) me faz crer que casamento - pelo menos