Correio da Bahia

Celebração em honra da memória de Santa Dulce

- MARCOS FELIPE SOARES

Milhares de fiéis, peregrinos e demais admiradore­s foram ao Santuário Santa Dulce dos Pobres ontem, para celebrar a memória da freira baiana, morta há 31 anos. A missa das 8h30, presidida pelo bispo auxiliar da Arquidioce­se de Salvador, Dom Marco Eugênio, lotou o templo, pois reuniu também profission­ais, pacientes e voluntário­s das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).

A superinten­de das Osid, Maria Rita Lopes, não conteve as lágrimas ao falar de sua tia Dulce. Segundo ela, a ocasião também serviu para refletir sobre o legado de amor e serviço deixado pelo Anjo Bom da Bahia. “É sempre um momento de reflexão essa data, e de manter tudo o que ela nos deixou com muito carinho e cuidado, fazendo o que mais desejava: atender, cada vez mais, o pobre, com todo o amor”, afirmou Maria Rita.

A história da instituiçã­o, que abriga um dos maiores complexos de saúde do país, com atendiment­o 100% gratuito, remonta a 1949, quando Irmã Dulce, sem ter para onde ir com 70 pessoas doentes, pediu autorizaçã­o a sua superior para abrigá-los num galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, na região da Cidade Baixa.

Com atuação em áreas como saúde, assistênci­a social e educação, as Osid atendem, atualmente, cerca de 3 milhões de pessoas por ano.

“Quando ela nos deixou, eram 600 colaborado­res. Hoje, nós já temos quase 7 mil pessoas trabalhand­o em todo o estado. Não é fácil, ainda mais fazendo a opção pelo SUS [Sistema Único de

Saúde]”, disse Maria Rita.

Durante a missa das 8h30, Dom Marco Eugênio enfatizou que, mesmo após sua morte, a Santa Dulce segue presente entre seus devotos. “Ela nos deixou, mas continua nos amando, trabalhand­o, servindo e pedindo, agora, que nós sejamos os seus olhos para os miseráveis; e as suas mãos para os necessitad­os”, declarou.

A aposentada Maria Alice Carvalho, cearense radicada na Bahia, já dedicou 23 de seus 84 anos de vida ao trabalho como voluntária nas Osid. “Eu não me canso de dizer que sou anjo de Irmã Dulce. Só deixo de ser no dia que eu partir”, disse Maria Alice. “Ela vem me buscar. Sabia?! Eu vou trabalhar com ela lá em cima”.

A paixão pela primeira santa brasileira é tão grande que, além do coração, toma os cômodos da casa da voluntária. “Tudo meu é com Santa Dulce. Minha casa é cheia de retrato dela”, orgulha-se a idosa, que se diz grata pelas duas graças alcançadas por meio do Anjo Bom: o afastament­o do seu esposo do consumo de álcool, há 10 anos, e a recuperaçã­o de um problema no pulmão pelo neto, à época com 4 anos e, hoje, com 22.

A fé e a gratidão fazem com que ela supere problemas de saúde, como a mobilidade reduzida, para prestar o voluntaria­do e visitar o santuário. “Eu venho doente, me arrastando. Chego aqui, fico boa e feliz”, garante Maria Alice, que chegou a ter contato com a freira baiana. “Eu sou uma pessoa feliz porque beijei a mão dela”, resume.

Na missa das 16h, que incluiu o Terço pelo Caminho da Fé, uma procissão após a celebração, e a Novena Perpétua de Santa Dulce dos Pobres, o técnico mecânico Dejanilson Marinho, 43, foi agradecer pelas graças concedidas. Ele, que nunca tinha pensado em fazer tatuagem, tinha a imagem do Anjo Bom estampada no braço como forma de gratidão.

"Tive covid-19 em 2020 e com a fé em Irmã Dulce sabia que iria fica bom. Quando cheguei no Sagrada Família, com 50% do pulmão já afetado pelo vírus, pensei que iria morrer, mas Irmã Obras É possível Dulce e Deus me curaram. ajudar Para mim, não só hoje é importante as Osid com homenageá-la, por doações financeira­s isso fiz a tatuagem, porque todos os dias quando durmo por Pix e acordo olho no espelho vejo (amigos@irmadulce.org.br), ela no meu braço". Irmã Dulce morreu em 13 se cadastrar de março de 1992, aos 77 no programa anos. A religiosa baiana foi Sócio-protetor, canonizada em 13 de outubro com de 2019, durante cerimônia doações presidida pelo Papa mensais, pelo Francisco no Vaticano, tendo telefone se tornado a primeira santa (71) nascida no Brasil. O processo 3316-8899, de canonizaçã­o foi o 3º de segunda a mais rápido da história: 27 sexta, das 9h anos após seu faleciment­o às 17h30

Doações O Santuário Santa Dulce dos Pobres convida os fiéis, visitantes e devotos do Anjo Bom da Bahia a doar alimentos não perecíveis, que serão destinados às ações sociais do templo;

SAIBA COMO AJUDAR AS OSID

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PAULA FRÓES Após missas ao longo do dia, na parte da tarde os devotos saíram em procissão para homenagear Santa Dulce

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