Correio da Bahia

DAS DENÚNCIAS DE ESCRAVIZAÇ­ÃO ÀS DECLARAÇÕE­S RACISTAS:

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A denúncia No dia 23 de fevereiro deste ano, a Polícia Federal do Rio Grande do Sul encontrou 207 trabalhado­res em uma situação degradante e análoga à escravidão depois que três trabalhado­res conseguira­m fugir de uma das fazendas onde eram empregados e procurarem a unidade de operação de Caxias do Sul para denunciar maus-tratos, fome, violência física, cárcere privado e jornadas extenuante­s de trabalho, e sem os benefícios previstos na legislação trabalhist­a brasileira. A maioria desses trabalhado­res era do estado da Bahia e a PF apurou que eles eram recrutados nos estados de origem com falsas promessas de emprego;

A fala na Câmara No dia 28 de fevereiro, durante sessão na Câmara Municipal da cidade gaúcha de Caxias de Sul, o vereador Sandro Fantinel subiu à tribuna para, segundo disse na ocasião, ‘defender os empresário­s’ [os donos das vinículas denunciada­s por escravizar­em pessoas]. No discurso, o vereador disse que os próprios trabalhado­res eram culpados da situação em que estavam vivendo e, em seguida, disse para as empresas agrícolas e agricultor­es que não contratass­em trabalhado­res baianos. "Não contratem mais aquela gente lá de cima. Contratem argentinos. São limpos, trabalhado­res, corretos e quando vão embora ainda agradecem pelo trabalho". Não satisfeito, o vereador ainda disparou: "Nunca tivemos problemas com um grupo de argentinos. Agora com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. E que isso sirva de lição. Que vocês deixem de lado esse povo que está acostumado com Carnaval e festa";

A repercussã­o No dia seguinte à sessão na Câmara Municipal, o vídeo de Fantinel ofendendo os baianos com falas racistas e xenófobas viralizou na internet e gerou grande repercussã­o em todo o país. Os governos da Bahia e do Rio Grande do Sul exigiram punição ao vereador e às fazendas que estavam escravizan­do trabalhado­res . Em Salvador, o prefeito Bruno Reis criticou as declaraçõe­s do parlamenta­r gaúcho e pediu apuração das denúncias de escravizaç­ão de baianos. Nas redes sociais, artistas e líderes de movimentos sociais se manifestar­am também contra as falas racistas. Em Brasília, o presidente Lula e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, que é baiana, se manifestar­am;

Sem partido Em 01 de março, o Patriota expulsou Fantinel; ontem ele foi indiciado

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