Correio da Bahia

TCU dá 5 dias para Bolsonaro entregar joias, fuzil e pistola

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PRESENTES DA ARÁBIA O Tribunal de Contas da União deu um prazo de até cinco dias para que o ex-presidente Jair Bolsonaro devolva o segundo jogo de joias que recebeu do regime da Arábia Saudita. O conjunto, que reúne peças em ouro como relógio, caneta e abotoadura­s, está guardado em um local privado de Bolsonaro, no Brasil. Segundo o Estadão, o TCU solicitou ainda entrega de um fuzil e uma pistola que Bolsonaro recebeu de presente em 2019, dos Emirados Árabes. Além disso, o tribunal pediu inspeção detalhada de todos os itens que Bolsonaro recebeu em seus quatro anos de governo. Aquilo que não for considerad­o como presente "personalís­simos" terá de ser integrado ao patrimônio da União, e não poderá ficar com Bolsonaro.

A corte de contas propõe que os bens sejam encaminhad­os para a Secretaria Geral da Presidênci­a da República, que fica dentro do Palácio do Planalto, e não sob a sua guarda. Outra medida proposta é que, em todo fim de governo, nos últimos dois meses que antecedam cada mandato, seja feito um pente-fino daquilo que pode ou não ser incorporad­o como bem pessoal e presente para o presidente.

Ainda segundo o Estadão, a comitiva do governo Jair Bolsonaro tentou entrar no Brasil com duas caixas de joias de forma ilegal e sem declarar à Receita Federal. Uma caixa foi avaliada em cerca de R$ 400 mil, com relógio com pulseira em couro, par de abotoadura­s, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard.

O conjunto de diamantes é bem mais valioso, estimado em cerca de R$ 16,5 milhões e que seria levado para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, inclui colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes. Este acabou retido pela Receita, em 26 de outubro de 2021.

A comitiva do governo, que era liderada pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerqu­e, tentou entrar no Brasil sem declarar os bens, o que é ilegal. Ao serem abordados pelos fiscais da Receita, em Guarulhos, que já tinham reunido informaçõe­s que levantavam suspeitas, descobriu-se que car

O TCU impõe que presidente­s só podem ficar com itens se forem ‘bens personalís­simos’

regavam as joias milionária­s.

A posse do conjunto de diamantes estava na bagagem do assessor Marcos André Soeiro, que foi parado pelos fiscais. Já Albuquerqu­e, estava com o segundo pacote de peças em ouro, passou pela alfândega e não foi abordado. Ele retornou ao local de inspeção mesmo após ter saído da área, alegando que era um presente para Michelle Bolsonaro e tentou liberar o item, mas não conseguiu.

Desde 2016, uma regra determinad­a pelo TCU impõe que presidente­s só podem ficar itens recebidos se estes forem considerad­os "bens personalís­simos". São itens como roupas e perfumes, por exemplo. O TCU veda expressame­nte presentes como os que foram enviados ao casal Bolsonaro. Assim que o caso das joias foi divulgado, a primeira atitude de Bolsonaro e de Michelle foi dizer que não tinham conhecimen­to dos presentes e insultar a imprensa. Nos dias seguintes, com as novas revelações, Bolsonaro admitiu que recebeu um segundo pacote e que o guardou em seu poder.

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