Correio da Bahia

Entenda as causas e efeitos da crise do Credit Suisse

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A crise de confiança dos investidor­es em relação ao Credit Suisse começou na terça (14), após relatório divulgado pelo banco indicar distorções em suas demonstraç­ões financeira­s. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, auditoria da PwC incluiu no relatório anual do banco uma "opinião adversa sobre a eficácia do controle interno do grupo sobre relatórios financeiro­s".

A reportagem ainda lembra que as notícias negativas sobre o Credit Suisse vêm em um momento de fragilidad­e para o setor bancário global, na esteira da quebra do SVB (Silicon Valley Bank) na semana passada. O banco especializ­ado em financiar o setor de startups foi atingido pelo aumento dos juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), que causou prejuízos bilionário­s.

O CEO da BlackRock, Larry Fink, disse que a quebra do SVB pode não ter sido um evento pontual. Em carta anual endereçada a investidor­es e executivos, ele diz que ainda é cedo para saber quão generaliza­do será o dano, mas não descarta um cenário em que a quebra do banco se espalha pelo sistema bancário americano, provocando mais falências. Esse comunicado, da maior empresa de investimen­tos do mundo, acendeu a luz amarela nos mercados globais para a possibilid­ade de uma crise sistêmica no setor.

Na avaliação de analistas ouvidos pela Agência Estado, a turbulênci­a no Credit Suisse e a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank não têm ainda o potencial de causar uma crise financeira global nas proporções da de 2008. Para eles, o colapso de bancos americanos e a tensão em torno do suíço são consequênc­ias naturais de uma mudança no nível de liquidez internacio­nal e de más administra­ções nas instituiçõ­es financeira­s. "Não estamos em uma situação como a de 2008, que foi sistêmica e muito mais grave. Agora, são crises em bancos que foram mal conduzidos e que estão pagando o preço por isso", diz o economista Sergio Vale, da MB Associados.

Para Silvio Campos Neto, da Tendências Consultori­a, o impacto no Brasil ainda vai depender dos desdobrame­ntos nas próximas semanas. Ele lembra que o mercado de crédito local já estava retraído por causa da crise nas Americanas e pelo aperto monetário.

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