Terror na Praça da Revolução
Os suspeitos que explodiram uma agência do Banco Santander em Periperi, durante a madrugada desta quinta-feira, podem estar associados ao grupo que arrombou o mesmo local em janeiro. É no que acredita uma testemunha do ocorrido. Em anonimato, o homem, que mora próximo à Praça da Revolução, onde está localizada a agência, disse ter visto a ação, que além de armamento pesado, incluiu ‘miguelitos’ — pregos retorcidos para furar pneus.
“Eu tinha marcado a segunda vaga pra atendimento ali na Caixa Econômica. Era por volta de 3h20. Aí, eu saí andando e ouvi o primeiro estrondo e diversos disparos de armas de fogo de grosso calibre”, contou o morador, estimando que a ação tenha durado 24 minutos, com quatro explosões e vários tiros em intervalos de oito minutos. Segundo ele, havia 10 pessoas, divididas em dois carros. “Você via nitidamente um carro vermelho, aparentemente um Jeep, e a movimentação de caras com roupa preta”, detalhou a testemunha, que tinha acompanhado tudo de uma esquina a 300 metros de distância da agência.
Um dos veículos foi abandonado e encontrado a 1,5 quilômetro da praça, na Rua Engenheiro Agenor de Freitas, próximo à comunidade Guerreira Zeferina. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), “informações preliminares indicam que o grupo usou um carro de cor vermelha no ataque”.
O mesmo morador afirmou que os suspeitos fizeram algumas pessoas reféns: “O primeiro da fila [para atendimento na Caixa] ficou como refém. As meninas dos trailers de lanche que ficam abertos a madrugada toda ficaram de reféns, também”.
Conforme a Polícia Militar, equipes da 18ª Companhia Independente (CIPM) foram acionadas após uma denúncia. No local, os policiais conversaram com seguranças, que, ao contrário do que se ouviu no bairro, afirmaram que nada tinha sido levado da agência. Uma equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi acionada, para realizar uma varredura no local, a fim de verificar se havia outros artefatos explosivos no imóvel. O policiamento foi intensificado em toda a região, e não há, até o momento, registro de prisões. Segundo a SSP, equipes do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), responsável pela investigação do caso, estão na região, buscando indícios.
O que se sabe de fato é que, além da destruição dos dois pavimentos da agência bancária, trailers e imóveis situados na Praça da Revolução foram atingidos pelos disparos. Um apartamento de um prédio vizinho ao banco chegou a ficar com os vidros quebrados. Um depósito de bebidas no térreo da edificação também sofreu consequências com o ato.
“Quebraram as janelas de cima e de baixo e cabo de internet. Uma porta partiu, e as garrafas de vidro que ficam no estoque quebraram também”, contou o vendedor Ruan Pablo dos Santos, 22. Moradora das proximidades, a dona de casa Tânia Gonçalves, 59, acordou assustada com o barulho: “Todo mundo se tremendo”.
“Aqui em Periperi era bom demais. Agora, infelizmente, as facções estão dominando nossa cidade”, lamentou o auxiliar de produção Edmilson Damasceno, 47. Uma mulher que teve sua loja atingida na última madrugada sugere como fator responsável pela violência a chegada da agência bancária: “Depois que o Santander chegou [foi] que o bicho pegou.
O Banco Santander não deu retorno até o fechamento desta edição. Com os serviços na agência em Periperi suspensos, a agência mais próxima é a localizada na Calçada.
Ao CORREIO o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, informou que a entidade “tem se posicionado de maneira firme, cobrando das autoridades públicas e, também, dos bancos mais investimentos em segurança”. Este ano, foram 4 ataques no estado. Vasconcelos disse, também, que foi apresentado um conjunto de propostas que poderiam inibir esse tipo de ocorrência, como a instalação de dispositivos que dilacerem as cédulas no momento de uma eventual explosão de caixa eletrônico.
Você via nitidamente um carro vermelho, tipo Jeep, e a movimentação de caras com roupa preta
morador que não se identificou
Aqui em Periperi era bom demais. Agora, as facções estão dominando a cidade Dmilson Damasceno
morador
NA CAPITAL Um policial militar da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Tancredo Neves) foi baleado durante uma ronda na noite de ontem, em uma localidade conhecida como Timbalada, na região do Cabula, em Salvador. O policial foi socorrido para um hospital da capital e não corre o risco de morrer.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), equipes da Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do Batalhão de Choque, da Rondesp Central e da 23ª
CIPM, fecharam o cerco contra traficantes na localidade da Timbalada.
A SPP informou ainda que denúncias sobre o local usado como esconderijos pelos traficantes podem ser repassadas através dos telefones 181 (Disque Denúncia) e 190 (Cicom).
Em outro ponto da capital, na tarde de ontem, outro policial foi baleado. O PM foi ferido enquanto participava de uma reunião dentro do Sindicato do Estivadores, que fica na Travessa Frederico Pontes, no bairro Água de Meninos, em Salvador.
O crime aconteceu por volta das 13h30, quando um homem, que também seria policial militar, entrou no local e fez dois disparos na direção da vítima. Um dos tiros atingiu a vítima no abdome.
Equipes da 16ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Comércio) foram acionadas pelo Cicom para averiguar a denúncia e, ao chegar ao local, confirmaram a situação. Os policiais socorreram o colega baleado para o Hospital Geral do Estado (HGE). O estado de saúde não foi divulgado. Ninguém foi preso.