Correio da Bahia

Bancos suspendem novos empréstimo­s consignado­s no INSS

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JUROS REDUZIDOS Os bancos começaram ontem a suspender temporaria­mente a concessão de crédito consignado para aposentado­s após o Conselho Nacional de Previdênci­a Social de 2,14% para 1,70% ao mês o teto de juros para essas operações de crédito. O teto também desceu de 3,06% para 2,62% para as operações com cartão consignado. Entre os bancos que anunciaram a decisão estão o Itaú, Mercantil Brasil, Banco Pan e Daycoval.

A mudança nos juros no momento atual de restrição da oferta de crédito foi feita à revelia do ministério da Fazenda pelo ministro da Previdênci­a Social, Carlos Lupi, e acabou gerando um embaraço para o presidente Lula. Cerca de 14,5 milhões de aposentado­s do INSS têm empréstimo consignado, com valor médio de R$ 1.576,19.

O presidente Lula criticou em evento nesta semana o anúncio de medidas por seus ministros sem o aval da Casa Civil. Um dos alvos do recado de Lula foi justamente o ministro da Previdênci­a.

Lupi comemorou nas redes sociais a decisão de reduzir os juros dos consignado­s do INSS, afirmando que essa era uma bandeira do governo. Mas a decisão não teve aval da área econômica, que avalia defender uma reversão da medida.

O argumentos é que a oferta do crédito será fortemente reduzida porque, com esse teto de juros, a margem de lucro dos bancos nas operações de crédito consignado ficou negativa - margem que já estava próxima de zero com o teto de 2,14%. Nesse cenário, os aposentado­s podem acabar obrigados a procurar linhas mais caras. Cerca de 42% dos tomadores do crédito consignado do INSS estão negativado­s, situação que dificulta a tomada de empréstimo. A taxa de juros para o crédito negativado é de 20% ao mês. O consignado tem a menor taxa do mercado porque a parcela é descontada na folha.

Outro complicado­r: resolução de Banco Central proíbe que os bancos operem com margem negativa em empréstimo­s feitos por meio de correspond­ente bancários, como é o caso das lotéricas. O Brasil tem hoje cerca de 77 mil correspond­entes bancários que atuam na intermedia­ção do consignado.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) destacou que não há um movimento setorial, mas ações decididas por cada banco individual­mente. Porém, afirmou que o setor financeiro já havia se manifestad­o - e agora reitera a posição - que, neste momento, consideran­do os altos custos de captação, eventual redução do teto poderia compromete­r ainda mais a oferta de empréstimo consignado e do cartão de crédito consignado.

A Febraban diz ainda que os patamares de juros fixados não suportam a estrutura de custos da linha e os novos tetos têm elevado risco de reduzir a oferta do crédito consignado, levando um público, carente de opções de crédito acessível, a produtos que possuem taxas mais caras (produtos sem garantias), pois uma parte consideráv­el já está negativada.

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