ONU indica ações em curto prazo para evitar desastre
CLIMA A humanidade ainda tem opções viáveis e eficazes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e fazer as adaptações necessárias às mudanças climáticas causadas pelo homem, diz o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado ontem. O último documento do tipo previsto para esta década aponta, no entanto, que é necessário agir de forma urgente para garantir um planeta habitável no futuro.
Algumas das mudanças climáticas futuras são inevitáveis ou irreversíveis, mas podem ser limitadas por alterações rápidas e de redução sustentada das emissões globais. O relatório aponta a necessidade de mudanças na forma de produção de alimentos, eletricidade, transportes, indústria, construções e uso do solo, além de indicar medidas como ampliação do acesso a energia e tecnologias limpas.
O relatório também indica que há evidências de que algumas dessas políticas climáticas começam a ter impacto positivo. Até 2020, mais de 20% das emissões globais foram taxadas por impostos sobre o carbono ou sistemas de negociação de emissões, apesar de ainda terem sido insuficientes para gerar reduções mais profundas. Nos últimos anos, surgiram leis focadas na redução das emissões em 56 países que abrangem 53% das emissões globais em 2020.
Os líderes dos países desenvolvidos devem se comprometer a zerar as emissões de carbono o mais próximo possível de 2040. Isso pode ser feito. Os líderes das economias emergentes devem se comprometer a atingir o zero líquido o mais próximo possível de 2050 António Guterres Secretário-geral da ONU
No entanto, apesar do progresso na implantação de medidas de adaptação, com benefícios documentados e eficácia variável, há lacunas nesse processo que continuarão a crescer se a rota não for corrigida. O relatório aponta que alguns ecossistemas e regiões atingiram seus limites.
Manter o aquecimento global limitado a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris, se torna um desafio cada vez maior à medida em que as emissões de gases estufa continuam a apresentar aumento contínuo.
Para se ter ideia do tamanho do desafio: de 2010 a 2019, a média anual de emissões atingiu seus níveis mais altos da história. Manter a mesma rota coloca a meta de limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC fora de alcance. Ficar dentro da meta significa que nos próximos três anos as emissões precisam passar a cair de forma sustentada e chegar a 2030 com uma redução de 43% em relação a 2019.
Caso a meta não seja alcançada, os cientistas afirmam que os desastres climáticos se tornarão tão extremos que as pessoas não conseguirão se adaptar. Além disso, ondas de calor, fome e doenças infecciosas podem causar a morte de milhões de pessoas até o final do século.