Vazamentos também levam a um grande desperdício
Uma das perdas reais mais emblemáticas de água em Salvador ocorreu na quinta-feira 16 de fevereiro, no início do Carnaval. Na ocasião, uma tubulação rompeu na Avenida Reitor Miguel Calmon, desperdiçando milhares de litros de água. A cratera formada engoliu um carro. Outros três rompimentos significativos de ligações com a adutora ocorreram ao longo de fevereiro em três bairros da cidade: Ondina, Fazenda Grande IV e Federação.
Vazamentos menores ocorrem com ainda mais frequência na rede de distribuição. A Embasa admite que acontecem 30 vazamentos diários nos 7,8 mil quilômetros de extensão da rede de distribuição de Salvador e Região Metropolitana
(RMS). A média é considerada satisfatória pela empresa e por especialistas.
O levantamento do Instituto Trata Brasil não especifica quanto das perdas acontecem por problemas de vazamento e quanto é consequência de gatos. Porém, dados do Plano Municipal de Saneamento Básico de Salvador, de 2020, indicam que 55,9% do recurso tratado é perdido na cidade. Desse total, 32,3% são causados por perdas reais (vazamentos) e 23,6% por perdas aparentes (não paga por quem utiliza).
A Embasa foi procurada para comentar o assunto e não informou o quanto deixa de faturar pelas perdas de água. A empresa informou apenas que as ligações irregulares correspondem a
30% do volume não contabilizado em Salvador.
Para evitar as perdas por vazamentos, é preciso que investimentos sejam feitos na rede hídrica, como indica o engenheiro sanitarista Jonatas Sodré, membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA). “Uma série de fatores podem ser levados em consideração para evitar as perdas reais. É preciso realizar manutenção com frequência, melhorar a qualidade das tubulações”.
A Embasa diz que atua em duas frentes para evitar as perdas: controle operacional e manutenção do sistema; e a renovação dos hidrômetros e renegociações de dívidas para evitar gatos.