Baianos também são levados para outros estados
profissionais no setor está muito aquém do que deveria existir para uma fiscalização robusta e condizente com o número de trabalhadores ativos do estado.
"Além do trabalho escravo, temos diversas questões para fiscalizar, seja de segurança ou saúde do trabalhador. Hoje, no estado, temos cerca de 100 auditores. Considerando que precisa ter um auditor para cada 15 mil trabalhadores ativos, precisaríamos de quase o dobro disso, quase 200 para dar conta".
No Brasil como um todo também há menos fiscais que casos a serem fiscalizados, diz Daniel. São 1.900 auditores fiscais de trabalho, sendo somente 1.400 em área de fiscalização porque os outros 500 ficam em cargos de chefia e coordenação. O ideal seria, pelo menos, seis mil auditores. Por isso, ele acredita que há, seguramente, uma subnotificação de casos análogos à escravidão em meio a alta dos números.
"Não tenha dúvida que poderia ser mais. Lá em Ilhéus, onde fui coordenador, a gente fez alguns resgates no cultivo de cacau, na construção civil e em outras áreas. No entanto, ali, são três auditores para cobrir um milhão de trabalhadores ativos. Então, apesar de localizar casos, é inviável produzir a fiscalização necessária para conter mais casos", explica Fiúza.
Os trabalhadores baianos passam por situações análogas à escravidão em outras partes do país. Segundo o Painel de Inspeção do Trabalho, a Bahia é o segundo estado de onde mais partem pessoas traficadas para trabalho escravo no país, com 408 registros entre 2018 e 2021. Os números de 2022 ainda não foram divulgados pelo painel. Com os dados disponíveis, o estado fica atrás na estatística apenas de Minas Gerais, que registrou 761 vítimas no período.
Os municípios baianos com maior número de trabalhadores vítimas dessa situação são Xique-Xique
(53), Porto Seguro (39), Salvador (14), Itabuna (9) e Angical (5). Apesar de não ter em mãos os números de 2022, a Bahia já sabe que, em 2023, ao menos 198 trabalhadores foram resgatados dessas condições em vinícolas terceirizadas das empresas Aurora, Garibaldi e Salton, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. As vítimas já voltaram à Bahia.
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