Apoio de Lula a ditador provoca críticas e esvazia ação do Brasil
da Venezuela e do governo da Venezuela”, reagiu o uruguaio. “Se há tantos grupos no mundo tentando mediar a volta da democracia plena na Venezuela, para que haja respeito aos direitos humanos, para que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com um dedo. Vamos dar o nome que tem e vamos ajudar”.
O presidente chileno afirmou a jornalistas, após deixar a reunião, que foi a primeira vez que muitos dividiram o mesmo espaço com Maduro. E disse ter visto com satisfação o retorno do venezuelano às instâncias multilaterais, mas frisou ser relevante expor as diferenças, ainda mais pelo fato de seu governo ser de esquerda. De acordo com uma ministra chilena, Antonia Urrejola, Maduro apenas ouviu as críticas sem responder às intervenções.
Dirigindo-se a Lula, Lacalle Pou afirmou que abordou o tema porque o comunicado conjunto, negociado e assinado pelos 12 presidentes, trata de questões relacionadas à democracia, liberdade política e direitos humanos. “Até pouco tempo, o Uruguai não tinha embaixador na Venezuela, e nós nomeamos um, como temos em Cuba e em tantos lugares. Nossa afinidade é com o povo venezuelano”, explicou, no momento de maior tensão da cúpula. As respostas de Boric e Lacalle Pou expuseram o desconforto entre os chefes de estado. Mais do que a presença de Maduro, causou incômodo o prestígio hipotecado pelo petista ao chavista em cerimônia no Planalto.
Além disso, a saída de Maduro do Palácio do Itamaraty foi marcada por confusão com jornalistas. Houve relatos de agressão aos profissionais da imprensa por parte dos seguranças do ditador e do governo brasileiro. Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiou o fato. “A violência contra a imprensa é inaceitável em uma democracia. A ANJ aguarda uma apuração rigorosa das autoridades com a devida responsabilização dos agressores, sejam eles brasileiros ou estrangeiros”.