Correio da Bahia

Preços A alteração vigora a partir de amanhã e o imposto passa a ser cobrado em uma única etapa

- Maysa Polcri* REPORTAGEM maysa.polcri@redebahia.com.br *COM ORIENTAÇÃO DE MONIQUE LÔBO.

A mudança da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços (ICMS) dos combustíve­is começa a valer a partir de amanhã em todo o território nacional, o que deve trazer impactos nos valores cobrados nos postos de gasolina. Com a alteração, o tributo arrecadado pelo Governo Estadual deixa de ter alíquota de 19%, na Bahia, e passa a incidir com a alíquota fixa nacional de R$ 1,22 por litro. O valor do tributo é embutido no preço de revenda, por isso, é provável que ocorra aumento de preço para os consumidor­es finais.

O que muda é que, a cada litro de gasolina e etanol vendido em qualquer cidade da Bahia, o governo estadual sempre irá arrecadar R$1,22 à partir da alteração. A alíquota é denominada “ad rem”. Com a nova regra, o imposto passa a ser monofásico (cobrado em uma única etapa) e calculado sobre o preço final do combustíve­l.

Para entender, na prática, o que muda com a nova forma de cobrança do imposto, tomemos como exemplo o valor da gasolina vendida na terça-feira (30), em Salvador, que estava em R$ 5,04, em um posto visitado pela reportagem. Sem a mudança do ICMS, o Estado baiano arrecadou 19% a cada litro de combustíve­l comerciali­zado nas bombas desse posto, o que representa o valor de R$0,95. Com a alteração do tributo, faltariam R$ 0,27 para o governo estadual atingir o novo patamar fixo de R$ 1,22.

Como as refinarias e os donos de postos de gasolina dificilmen­te vão querer ficar no prejuízo, é provável que o consumidor final tenha que arcar com esse valor. É difícil, portanto, cravar quanto a gasolina deverá aumentar a partir da mudança do ICMS porque dependerá do valor praticado em cada localidade. Para o economista Edval Landulfo, o reflexo da nova alíquota pode ser o menor impacto da redução dos preços praticados.

“Quanto menor o valor da gasolina, pode ser que os consumidor­es não sintam os descontos no bolso porque o Estado precisa arrecadar R$ 1,22. Fora os outros impostos, o valor da revenda e outros fatores”, explica.

No dia 16, a Petrobras anunciou redução de 12,6% na gasolina e de 12,8% no diesel. A diminuição, no entanto, não mudou os preços dos produtos na Bahia. No estado, os preços dos combustíve­is variam conforme a empresa Acelen, detentora da refinaria que repassa o produto para os postos.

A Refinaria de Mataripe leva em consideraç­ão variáveis como custo do petróleo internacio­nalmente, dólar e frete. No dia 15 deste mês, a Petrobras anunciou sua nova política que encerrou a subordinaç­ão ao preço de paridade de importação, o que não foi seguido pela Acelen.

“A Acelen é livre para praticar seus valores de mercado e a empresa vai acrescenta­r o valor que deve ser repassado ao Governo do Estado no seu preço de revenda. O dono do posto vai optar ou não em diminuir ou aumentar seu lucro”, pontua o economista Edval Landulfo. A Acelen foi procurada, mas não comentou as mudanças.

NOVOS VALORES

Em nota, a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz) afirmou que a carga tributária que incidiu no litro da gasolina, em média, na terça-feira (30), foi de R$ 1,13. “A variação de apenas R$ 0,09, no entanto, não deverá ter maiores impactos sobre o preço do produto ao consumidor final do estado”, pontua. O valor de R$ 1,13, no entanto, não é fixo, como será a aplicação do ICMS a partir do dia 1º.

Questionad­o sobre o reflexo da alteração do tributo nas bombas, o sindicato que representa os donos de postos de combustíve­is na Bahia (Sindicombu­stíveis) informou que não pode falar de impacto ao consumidor final. “Há outros agentes na formação dos preços, como distribuid­ores e transporta­doras. Vale ressaltar que o mercado de combustíve­is é livre e o sindicato respeita a livre concorrênc­ia entre os postos revendedor­es”, pontuou.

Além da mudança prevista para o dia 1º de junho, no mês seguinte, julho, o Governo Federalret­omaráatrib­utaçãocom alíquota cheia do PIS/Cofins sobreagaso­linaeetano­l.Cálculos do governo apontam que o preço suba cerca de R$ 0,22 por litro nos dois combustíve­is. Especialis­tas afirmam que, inicialmen­te, a alteração de junho não contribui para aumento da inflação, devido a mudança pequena nos valores.

Para chegar ao modelo de tributação com alíquota fixa, estados e União travaram batalhas judiciais que só foram resolvidas graças a um acordo intermedia­do pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O reflexo da nova alíquota pode ser o menor impacto da redução dos preços praticados Edval Landulfo Economista

 ?? MARINA SILVA ?? 1 1 Custos O valor do tributo é embutido no preço de revenda, por isso, é provável que ocorra aumento de preço para os consumidor­es finais 2 Acelen No estado, os preços dos combustíve­is variam conforme a empresa
Acelen, detentora da refinaria que repassa o produto para os postos de combustíve­is.
MARINA SILVA 1 1 Custos O valor do tributo é embutido no preço de revenda, por isso, é provável que ocorra aumento de preço para os consumidor­es finais 2 Acelen No estado, os preços dos combustíve­is variam conforme a empresa Acelen, detentora da refinaria que repassa o produto para os postos de combustíve­is.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil