Correio da Bahia

‘Vi meu pai morrer e não pude salvar’

Corpo de operário assassinad­o em Paripe é enterrado em clima de tristeza e comoção

- Wendel de Novais REPORTAGEM wendel.novais@redebahia.com.br

Choro, grito e muito desespero. Em clima de forte comoção, o corpo do operário José Raymundo Bispo dos Santos, 54 anos, foi sepultado na manhã de ontem, no Cemitério Municipal de Plataforma. José foimorto na tarde do último domingo, na localidade de Bate Coração, em Paripe, esfaqueado por um vizinho após uma discussão por conta de “troco de cachaça”, de acordo com familiares.

O motivo do crime, inclusive, parecia inacreditá­vel para os que ficaram sabendo do fato e até para quem o presenciou. Milena Tavares, 24, filha do operário, viu o pai ser atacado e até tentou socorrê-lo, mas não conseguiu. Dois dias depois do caso, ela afirmou à reportagem que ainda não compreendi­a o que aconteceu e pediu justiça para a família.

“É uma dor inexplicáv­el, eu quero justiça. Estou sendo forte por minha mãe, mas está doendo de uma maneira insuportáv­el. Eu pergunto a Deus por que eu e minha família estamos passando por isso. Ele não merecia morrer desta forma. Eu não aceito isso”, afirmou Milena, enquanto velava o corpo do pai no cemitério, que ficou repleto de amigos e familiares.

A jovem ainda lembrou a cena do ataque contra José. “Eu vi acontecer, corri para ajudar ele e tentei tirar a faca, mas já estava dentro e não tinha o que eu pudesse fazer. Como é que esquece? Vi meu pai morrer na minha frente e não pude salvar. Eu lutei até o fim, mas não tinha como socorrer mais”, disse. Segundo familiares, José foi golpeado no peito e no pescoço.

A esposa de José, Sueli Tavares, não conseguiu falar com a imprensa. Michele Tavares, 28, outra filha do operário, falou sobre a dor que abala toda a família. “Não tenho palavras para descrever o que nós aqui temos passado. Ninguém imaginava nunca ter enterrar meu pai dessa maneira. Uma pessoa boa, que não fazia mal a ninguém e era querido por todos onde morava. A gente quer respostas porque não dá para entender”, afirmou Michele.

Eu vi acontecer, corri para ajudar ele e tentei tirar a faca, mas ela já estava dentro e não tinha o que eu pudesse fazer Milena Tavares Filha de José Raymundo

PESSOA AMÁVEL

Amigos e familiares foram unânimes ao descrever José como alguém amável, alegre e querido por quem o conhecia. Mais do que isso, destacaram que ele não tinha qualquer conflito ou desentendi­mento anterior com ninguém. “Era um homem tranquilo, amoroso com as filhas e muito querido pela vizinhança. Por isso, todos que estão aqui não entendem como alguém bom como ele partiu desse jeito, com tanta crueldade”, contou Eleneide Farias, 59, vizinha e amiga da família.

Do suspeito de matar José, porém, Eleneide diz outra coisa. “Ninguém na nossa rua lá gostava dele. Era dono de um boteco ali, mas todos sabiam que não era boa pessoa. Por isso, aproveitou de uma discussão boba para fazer o que fez. José, como não tinha maldade, nem esperava aqui e não teve como se defender”.

Filha mais velha de José e Sueli, Michele resumiu a natureza do pai: “Eu não morava mais com ele, mas toda vez que chegava lá o carinho e cuidado era o mesmo porque meu pai era assim” .

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O corpo de José foi enterrado no Cemitério Municipal de Plataforma, na manhã de ontem
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FOTOS DE ARISSON MARINHO Amigos e familiares do operário José Raymundo Bispo dos Santos, 54 anos, pediram justiça para solucionar o assassinat­o do operário em Paripe

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