Correio da Bahia

Cesta básica sobe 10,58% em 90 dias

Salvador registra a terceira maior alta do país no período segundo pesquisa do Dieese

- Millena Marques REPORTAGEM millena.marques@redebahia.com.br ORIENTAÇÃO DE PERLA RIBEIRO

Com um aumento de 10,58%, a cesta de básica de Salvador teve o maior percentual de reajuste entre as capitais no primeiro trimestre deste ano. Em março, o custo dos itens da cesta foi de R$ 620,13, de acordo com o Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos (Dieese). Para desembolsa­r esse valor, um trabalhado­r soteropoli­tano, remunerado pelo salário de mínimo (R$ 1.412) precisou trabalhar 96 horas e 37 minutos.

Vários fatores acabam influencia­do nos preços dos itens e no custo total da cesta básica, desde questões relacionad­as à safra ou uma maior movimentaç­ão do mercado, segundo a supervisor­a regional do Dieese Ana Georgina Dias. “A questão climática também foi prepondera­nte, inclusive agora no mês de março, com altas acentuadas no tomate e na banana.

O tomate teve uma alta de 13,96, e a banana, de 8,02”, afirma. Uma safra boa aumenta a oferta e, consequent­emente, os preços são menores. “Se você tem uma safra pior e uma oferta mais reduzida para uma demanda que aumenta ou permanece a mesma, os preços ficam mais elevados”, continua Ana Georgina.

A banana e o tomate foram os produtos que puxaram o aumento de custo da cesta no entre janeiro e março, com altas de 49,91% e 22,22%, respectiva­mente. De acordo com os boletins da Secretaria de Desenvolvi­mento Econômico do Estado da Bahia (SDE), a caixa do tomate rasteiro, com 25 kg, e caixa da banana da prata, de 45 kg, sofreram um aumento de R$ 60 entre janeiro e março.

Os preços foram elevados em razão do clima. “Esses dois produtos são cultivados num período curto. Então, eles acabam captando essas variações bruscas de clima. Esse verão foi mais quente do que o normal e teve mais chuvas em algumas regiões produtoras”, diz Ana Georgina.

No caso da banana da prata, especifica­mente, houve ainda um problema com a doença conhecida como mal do Panamá, que ataca de forma severa a lavoura, imprimindo perdas excessivas. Em algumas situações, toda a plantação é perdida. “A doença tem atingido bananais de todo o país, o que também tem reduzido

Fazer uma lista do que precisa para comprar apenas o necessário;

Pesquisar preços para optar pelo mais barato;

Evitar compra de impulso para manter-se dentro do orçamento;

Procurar um mercado com preços mais acessíveis, calculando, inclusive, o gasto com transporte;

Realizar compras mensalment­e;

Concentrar as compras na menor quantidade possível de idas ao mercado.

Fonte: Raphael Carneiro, educador financeiro a oferta e, por consequênc­ia, eleva os preços”, diz o diretor de Fruticultu­ra da Associação de Agricultor­es e Irrigantes da Bahia (Aiba), Márcio Oliveira.

REPASSE

Janete Sarquis, 56 anos, trabalha vendendo refeições, salgados e sobremesas em uma barraca de lanches na Universida­de Federal da Bahia (Ufba), no campus Ondina. A alternativ­a que encontrou para economizar foi reduzir o número de itens do cardápio. “Antes, eu fazia lasanha três vezes por semana, agora, é só uma vez na semana. Também substitui os salgados que levam molho (de tomate) por salgados que não levam”, conta.

Mesmo adotando a estratégia de comprar os produtos em locais mais acessíveis, depois de realizar uma breve pesquisa, Janete teve que repassar o aumento para os clientes. “Alguns salgados de R$ 5 e R$ 6 passei para R$ 7,

R$ 8 ou R$ 9. salada de frutas era R$ 5, eu tive que botar para R$ 7 porque as frutas também estão muito caras”, diz.

A boa notícia é que, em abril, o preço da banana já teve uma consideráv­el redução, especialme­nte o da banana nanica, que está 75% menor do que em fevereiro. “As lavouras estão se reestabele­cendo e, por consequênc­ia, os preços já começaram a baixar”, diz Oliveira.

CUSTO

Embora a cesta básica de Salvador tenha registrado o maior reajuste acumulado em 90 dias entre as 17 capitais onde o Dieese realiza o estudo, o levantamen­to apontou que o custo soteropoli­tano ainda era o quinto menor do país em março. São Paulo (SP), Rio de Janeiro (TJ) e Florianópo­lis (SC) lideram o ranking das cestas mais caras: custavam, respectiva­mente, R$ 813,26, R$ 812,25 e R$ 791,21. Já Aracaju (SE), João Pessoa (PB) e Recife (PE) encerraram o mês de março sendo as três capitais com o menor custo: R$ 555,22, R$ 583,23 e R$ 592,19.

“Mas é bom a gente lembrar que esse custo costumava ser o segundo menor, o terceiro menor, então ele já está aí mudando um pouco de posição”, explica Georgina.

“As cestas com menor valor não significam, necessaria­mente, que são mais baratas. Nós sabemos que temos muitas pessoas que ganham menos do que o salário mínimo”, finaliza Georgina.

DICAS PARA ECONOMIZAR NO SUPERMERCA­DO

 ?? ARISSON MARINHO/ARQUIVO CORREIO* ?? Graças a questões climáticas, o tomate se tornou um dos vilões pelo aumento do custo de aquisição da cesta básica para R$ 620,13, no final de março
ARISSON MARINHO/ARQUIVO CORREIO* Graças a questões climáticas, o tomate se tornou um dos vilões pelo aumento do custo de aquisição da cesta básica para R$ 620,13, no final de março

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