Correio da Bahia

Arte transforma­dora e ancestral brasileira

Perfil Com seis décadas de carreira, baiano J. Cunha vai expor sua trajetória na Pinacoteca de São Paulo

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Por isso, se diz cotista e lembra da perseguiçã­o no passado, durante a ditadura militar: “Minha obra sofreu preconceit­os. Fui acareado por generais. A polícia foi no meu ateliê para saber por que eu fazia arte social”.

Hoje a história é outra. Paulo Darzé, que o representa há 2 anos, elogia: “Ele batalhou muito esses anos todos. Felizmente está se reconhecen­do a qualidade da pintura dele, não só local, como nacionalme­nte. As raízes do

Nordeste, do candomblé, do afro, é uma obra completa. Ele circula por todos esses temas com maestria”. Renato Menezes, curador de Corpo Tropical, na Pina Estação, também se derrama: “Raros são os artistas que conseguem alinhar beleza, alegria e compromiss­o político na sua obra tal como J. faz até hoje”.

O baiano utiliza o pincel como aríete para produzir informaçõe­s em todo sentido da palavra arte e se vale do conhecimen­to afetivo acumulado em seu universo ancestral. A obra Cronologia da Escravidão (anos 1990) é um conjunto de quatro telas que resumem a exploração geracional em toda a sua crueza, desde a época dos pelourinho­s, passando pelo trabalho desgastant­e de ambulantes, professora­s mal remunerada­s e a jovem que, enganada, pensa que vai fazer a vida em outras terras.

J. Cunha frequentou o Curso Livre da Escola de Belas Artes, da Ufba; participou dos grupos Viva Bahia e Balé Brasileiro da Bahia. Trabalhou com o Balé do Teatro Castro Alves. Decorou o Carnaval de Salvador. Recentemen­te, o Instituto Inhotim (MG) comprou o seu Códice, que será exibido na Pina Estação.

O projeto Arte Milenar - Acessando o Passado para um Futuro Brilhante apresenta o espetáculo Força de Um Corpo, nesta quinta (25) e sábado (27), no Centro Estadual de Educação, Inovação e Formação da Bahia Mãe Stella, no Cabula, e no Teatro Gregório de Mattos, às 16h e 15h, respectiva­mente. Gratuito.

A fotógrafa Adeline Rapon apresenta na Aliança Francesa de Salvador, a exposição Fanm Fò (“Femme(s) forte(s)” ou “Mulher(es) Forte(s)” em crioulo), nesta quarta (24), às 19h. A mostra segue com entrada gratuita até 26/5.

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