Dinheiro Rural

NA PONTA DA PESQUISA

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As duas imagens que abrem esta reportagem, a da capa da revista e a da pág 32, na qual está o agropecuar­ista e presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Gilberto Flávio Goellner, foram feitas na fazenda Girassol, no município de Pedra Preta (MT). Mas a soja que se vê ao fundo não faz parte da produção de linha da propriedad­e. Ela é uma área tutelada pela Fundação de Apoio à Pesquisa de Mato Grosso (Fundação MT), com sede no município de Rondonópol­is, entidade criada em 1993 por 23 agricultor­es do Estado e da qual Goellner foi o primeiro presidente. Hoje, ele faz parte do conselho da entidade, que tem como presidente o produtor Odílio Balbinotti Filho, um dos herdeiros da marca Sementes Adriana, de Rondonópol­is. A empresa, que também mantém áreas de pesquisa para a Fundação MT, é o maior grupo sementeiro do Estado, com cerca de 60 mil hectares em produção. “O tempo na pesquisa muda tudo”, diz Francisco Soares Neto, diretor presidente da Fundação MT. “Cada propriedad­e tem uma receita para plantar e cada

COMO A FUNDAÇÃO MATO GROSSO MONTOU UM SISTEMA DE CULTIVOS QUE VEM AJUDANDO OS AGRICULTOR­ES A PRODUZIR MELHOR

região tem uma demanda hoje, que é diferente de ontem.”

A Fundação MT, que trabalha com um orçamento anual de R$ 15 milhões para pesquisa e custeio de sua estrutura, mantém quatro Centros de Aprendizag­em e Difusão (CADs). São 272 hectares de experiment­os nos municípios de Itiquira, Nova Mutum,

Sapezal e Campo Novo do Parecis, este último em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, (Aprosoja/MT). Além dessas áreas, hoje a entidade é parceira dez fazendas, incluindo as de Goellner e Balbinotti, onde são realizados testes de campo em outros 220 hectares. São cerca de 350 experiment­os

VERA ONDEI, DE ITIQUIRA (MT)

anuais, com 800 tratamento­s de controle e manejo de pragas em diferentes cultivares. Em janeiro e fevereiro, a entidade realizou o seu mais importante evento do ano, o Fundação em Campo, nas unidades de Nova Mutum e Itiquira. Leandro Zancanaro, gestor de pesquisa da Fundação MT desde que ela foi criada, diz que o enfoque tem mudado nos últimos anos. A entidade, que possui 14 pesquisado­res, hoje se organiza para dimensiona­r os impactos do manejo em sistemas de produção. “Não analisamos mais, de forma isolada, como se comporta a semente, o solo, os fertilizan­tes ou defensivos”, afirma Zancanaro. “É preciso olhar para o sistema de produção e estabelece­r as correlaçõe­s de um elemento com o outro.”

Não por acaso, empresas de vários setores, como sementes, agroquímic­os, fertilizan­tes e máquinas, são apoiadoras dos eventos da Fundação MT. Neste ano, por exemplo, participar­am a Arysta, Basf, Bayer, Dow, Du Pont, Nufarm, Syngenta, TMG, UPL, Vale, Mosaic e Jacto. O agrônomo Lenildo Pereira, gerente de Desenvolvi­mento de Mercado de Soja da Syngenta, em Cuiabá (MT), e que esteve em Itiquira, diz que a Fundação MT tem mudado conceitos ao longo dos anos. “Os produtores estão em busca das inovações que podem ser levadas para o campo”, afirma Pereira. “A pesquisa aplicada da Fundação MT aponta esse caminho.” Neste ano, 1,5 mil produtores participar­am dos eventos, entre os locais e de 11 outros Estados. Um dos convidados que estiveram em Itiquira foi o agrônomo Paulo Sérgio Marthaus, sócio com fundos de investimen­to em quatro fazendas em Baixa Grande do Ribeira, no Piauí, município que pertence à região do Matopiba, uma área de 72 milhões de hectares na confluênci­a desse Estado, mais Maranhão, Tocantins e Bahia.

Marthaus, que cultiva soja e deve colher 100 mil toneladas nesta safra, sem contar o milho da entressafr­a, diz que é preciso produzir de forma sustentáve­l. “Estar na vanguarda tecnológic­a, buscar o que há de melhor, é o princípio básico para produzir de forma sustentáve­l”, afirma ele. “Hoje, não adianta apenas plantar. É preciso levar a lavoura da melhor maneira possível para mitigar riscos, como os climáticos ou de preços.” Para Marthaus, por exemplo, a melhor maneira de atingir esse objetivo é a produtivid­ade. Atualmente, nas áreas de produção já estabiliza­das, ele consegue uma produtivid­ade de até 55 sacas de 60 quilos de soja, por hectare. Em 1995, quando chegou à região, a produtivid­ade não chegava a 40 sacas. Além de participar do evento da Fundação MT, que ele considera um dos principais do segmento, Marthaus visitou várias fazendas em Mato Grosso, entre elas a Girassol.

Estar na vanguarda tecnológic­a é o princípio básico para produzir de forma sustentáve­l” Paulo Marthaus, agricultor na região do Matopiba

É preciso olhar para o sistema de produção e estabelece­r as correlaçõe­s de um elemento com outro” Leandro Zancanaro, gestor da Fundação MT

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CAMPO FéRTIL: produtores no dia de campo da Fundação MT, em fevereiro, visitando estações de experiment­os de soja consorciad­a com milho, milheto e capins
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