Dinheiro Rural

Façam as suas apostas

- Vera Ondei, editora

Ofuturo do agronegóci­o brasileiro tem tudo para ser promissor. A safra de soja deve ultrapassa­r a marca de 118 milhões de toneladas, tirando a liderança dos Estados Unidos que deve colher 116,4 milhões de toneladas. As projeções de julho da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) também apontam para o aumento das exportaçõe­s da oleaginosa, para 73,5 milhões de toneladas, ante 68 milhões de toneladas no ano passado. A Secretaria de Comércio Exterior sentiu uma reação positiva nos primeiros 15 dias úteis do mês passado, quando os embarques alcançaram uma média diária de 517,6 mil toneladas, ante a média 331,2 mil toneladas no mesmo período de 2017. A colheita recorde e a disputa comercial entre o país do Tio Sam e a China podem levar o gigante asiático a comprar mais oleaginosa brasileira, pagando prêmios maiores, como já tem ocorrido. E mais: o preço do dólar está em um patamar interessan­te para quem tem produto para exportar.

Mesmo com os fundamento­s positivos, engana-se quem pensa que o céu é de brigadeiro. A valorizaçã­o do dólar encarece os insumos. Das 35 milhões de toneladas de fertilizan­tes consumidas pelo Brasil, 25 milhões são importadas e sofrem os efeitos do câmbio. Além disso, muitos produtores ainda estão em ritmo de espera para plantar a nova safra. E têm à sua frente um grande problema: o nó da tabela de frete rodoviário, criada pelo governo brasileiro. Os custos adicionais para movimentar a safra e os insumos causados por essa medida são uma ameaça para tradings, empresas e produtores. E os maiores estão se organizand­o por conta própria para não perder o prazo ideal de plantio, entre setembro e outubro.

Mas a maior parte dos produtores ainda está perdida e não recebeu os insumos. O tabelament­o dos fretes tem dificultad­o o escoamento dos grãos e a movimentaç­ão dos insumos. E o impasse está longe de ser resolvido. O Supremo Tribunal Federal prometeu tomar uma decisão sobre o frete de cargas em rodovias brasileira­s após a audiência pública sobre o assunto, marcada para o dia 27 deste mês. Para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as atividades mais vulnerávei­s ao tabelament­o dos fretes são o cultivo de milho, laranja, arroz e a produção de leite. E os maiores impactos financeiro­s podem ocorrer nas cadeias da soja, da canade-açúcar, do milho e da bovinocult­ura de corte.

Para a consultori­a Datagro, muito mais que as incertezas sobre fretes, as oscilações do câmbio no Brasil representa­m um maior risco aos produtores de soja. Isso porque o cenário eleitoral tende a trazer mais volatilida­de ao dólar, principalm­ente a partir do resultado do pleito. Portanto, é hora de travar preços futuros para a maior parte da próxima safra que deve ser colhida em janeiro do próximo ano. E torcer para que não haja nenhum novo elemento estranho a esse jogo.

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