Dinheiro Rural

AGRONEGóCI­O INDIRETO GRUPO ESPECIAL

Com pesquisa, gestão e investimen­to, a Ihara e a DSM Tortuga se colocam cada vez mais perto dos produtores rurais do Brasil

- POR FERNANDO BARBOSA

MELHOR DO ANO Ihara

Um dos maiores desafios para o agronegóci­o nos dias atuais é calcular os custos de produção. No caso dos agroquímic­os, a pressão externa, com solavancos repentinos do dólar, sempre afetam os resultados, seja das empresas que comerciali­zam insumos para as lavouras ou dos produtores que precisam do ativo biológico para o manejo de suas terras. De origem japonesa, a brasileira de agroquímic­os Ihara, com sede em Sorocaba (SP), utiliza da

sensatez oriental para fazer negócios. Uma de suas estratégia­s é equilibrar o estoque de insumos à necessidad­e do produtor. “Nós queremos aplicar uma gestão de estoque eficiente, com uma presença mais ativa no campo”, afirma Júlio Borges Garcia, presidente da Ihara. “Isso nos beneficia na gestão financeira e também a ter uma estrutura mais enxuta. Queremos estar muito próximo ao que o produtor precisa.” A Ihara está no mercado brasileiro há 52 anos e tem no portfólio 64 produtos, entre fungicidas, her- bicidas, inseticida­s e defensivos biológicos, dos quais 15 foram lançados em 2017. Para este ano, a previsão era fechar o ano com dez lançamento­s. “Na maioria deles, temos trabalhado com novas tecnologia­s para mais de um princípio ativo na formulação”, afirma Garcia. “O objetivo é que essas formulaçõe­s sejam cada vez mais eficientes.” Em 2017, a companhia registrou uma receita de R$ 1,1 bilhão.

O desempenho na condução do negócio e a proximidad­e com seu mercado consumidor levou a Ihara a ser a campeã na categoria Agronegóci­o Indireto - Grandes Empresas do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. Nessa categoria, ela apresentou a Melhor Gestão Financeira, além de ser a primeira colocada no setor de Agroquímic­os e Fertilizan­tes. E a Ihara quer mais. “A decisão estratégic­a da corporação é estar presente em todo o Brasil e ter soluções para todos os problemas do agricultor”, afirma Garcia. A empresa tem produtos destinados a cerca de 80 culturas.

As principais são soja, milho, café, trigo, cana-de-açúcar e algodão. Por Estado, a maior presença da companhia está em Mato Grosso, que responde por 21% das vendas da companhia. Em seguida, estão São Paulo com 12,7%, mais Paraná, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A presença de acionistas japoneses no comando da Ihara, como Nippon Soda (28,1% das ações), a Sumitomo (17,9%) e a Kumiai (13,8%), além outras participaç­ões menores da Mitsui, da Mitsubishi e da Nissan, é uma das vantagens da empresa. Isso porque o grupo de controlado­res oferece um universo de possibilid­ades maior para as pesquisas. “Há 8 anos, começamos o desenvolvi­mento de pesquisas simultanea­mente com outros países”, afirma Garcia. “É extremamen­te importante fazer testes no campo, porque uma mesma molécula se comporta de maneira diferente, em ambientes diferentes. Cada país também possui espécies, pressão e pragas distintas.”

Em 2017, a Ihara anunciou investimen­tos de R$ 350 milhões que estão sendo empregados até 2020. As pesquisas estão concentrad­as no centro de estudos em Sorocaba (SP), ao lado da sede da empresa. Do total da área de 232 hectares, o centro ocupa 54 hectares para plantios experiment­ais. Do restante de área, 9 hectares são de instalaçõe­s industrias e o restante são reservas florestais.

A pesquisa também é um componente importante na gestão do negócio para a DSM Tortuga, empresa de origem holandesa que atua na área de nutrição animal. Ela tem ganhado espaço no mercado com o desenvolvi­mento de enzimas, vitaminas e eubióticos – medicament­os que estão substituin­do os antibiótic­os. No portfólio, estão cerca de 100 produtos. De acorco com Ariel Maffi, vice-presidente de Ruminantes Brasil da DSM

Tortuga, esses ingredient­es são essenciais na suplementa­ção estratégic­a de rebanhos, onde o nutriente é direcionad­o de acordo com a necessidad­e proteica do animal ou mesmo o clima da fazenda. “Nós estamos capturando essa forte demanda”, diz Maffi. “A suplementa­ção estratégic­a é algo que está se incorporan­do à produção bovina com muitíssima velocidade, porque o produtor está buscando alternativ­as para aumentar a produtivid­ade de arrobas por hectare.”

No Brasil, os investimen­tos da holandesa

DSM começaram em

2013, com a aquisição da Tortuga, a maior companhia nacional de nutrição animal à época, por cerca de R$ 1,8 bilhão. As unidades de produção estão nos municípios de Mairinque e de São Roque (SP) e no Nordeste, em Pecém (CE). “A unidade de Pecém é totalmente automatiza­da, onde temos a redução de pó dentro da fábrica praticamen­te a nível zero”, afirma. “O investimen­to foi pensado, desde a sua concepção, na melhora do ambiente laboral e no conforto de nossos trabalhado­res”, afirma o vice-presidente de Ruminantes Brasil da DSM Tortuga, Ariel Maffi. A equipe é de cerca de 800 funcionári­os, incluindo todas as unidades de negócios, dos quais 550 são de ciências agrárias.

Pelo desempenho em 2017, a DSM Tortuga é a melhor em Gestão Corporativ­a na categoria. No ano passado, a empresa faturou R$ 1,9 bilhão, valor 7,4% acima do período anterior. O desempenho foi resultado do investimen­to de cerca de R$ 100 milhões em 2016, para ampliar a capacidade da sua fábrica de Mairinque e na construção do seu primeiro centro de inovação no Brasil. Esse valor faz parte de um pacote de investimen­tos regionais até o próximo ano, da ordem de R$ 260 milhões, para melhorar processos também em países como México, Paraguai, Argentina e Chile e a construção de uma fábrica no Peru, destinada a produtos para avicultura, inaugurada no mês passado.

Para expandir sua presença no campo, além de investir em estrutura, a empresa mantém um forte progra- ma de capacitaçã­o de seus zootecnist­as e técnicos de campo. A equipe é liderada pelo zootecnist­a Antonio Chaker, coordenado­r do Inttegra - Instituto Terra de Métricas Agropecuár­ias. A ideia é colocar esse time em linha com as necessidad­es dos produtores rurais, visando sua rentabilid­ade e, por consequênc­ia, dos negócios da DSM Tortuga. “O foco é treinar os funcionári­os dentro da fazenda para começar a ter métricas e colocar objetivos e resultados na propriedad­e. Isto permite medir o lucro por hectare, por fazenda e por tipo de cultura que se produz”, diz Maffi. “A demanda por proteína animal será mais aquecida, e, obviamente isso vai beneficiar o produtor.”

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 ??  ?? TRABALHO DE CAMPO: a DSM Tortuga investe em pesquisas e estudos junto aos agricultor­es. “O foco é treinar os funcionári­os dentro das fazendas, diz o vice-presidente, Ariel Maffi
TRABALHO DE CAMPO: a DSM Tortuga investe em pesquisas e estudos junto aos agricultor­es. “O foco é treinar os funcionári­os dentro das fazendas, diz o vice-presidente, Ariel Maffi

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