Dinheiro Rural

MELHOR DO ANO

A empresa de agroquímic­os genéricos Albaugh Brasil investe para se tornar uma marca cada vez mais forte

- POR FERNANDO BARBOSA

Albaugh

SERAPHIM: "Queremos oferecer ao agricultor um produto de qualidade a baixo custo"

Aamericana do setor de agroquímic­os e fertilizan­tes Albaugh, com sede no Estado de Iwoa, foi criada em 1979 por Dennis Ray Albaugh. No Brasil, ela chegou em 2005, mas até 2016 atuava com o nome de sua subsidiári­a, Atanor. Naquele ano, quando decidiu comprar da FMC Agrícola, outra multinacio­nal americana do setor, a Consagro, em Campinas (SP), tomou um passo importante para consolidar-se como marca: assumiu, definitiva­mente, o nome Albaugh e mudou sua sede para a capital paulista. “Não podíamos continuar com outro nome”, diz o agrônomo Renato Seraphim, presidente da Albaugh Brasil. “A história do fundador da empresa, de inovação constante, se parece muito com a história de inovação do agricultor brasileiro”, destaca.

Com experiênci­as em companhias como Bayer e na Syngenta, Seraphim começou na empresa em 2016. À época, sua meta era ambiciosa. Ele assumiu o desafio de elevar o faturament­o anual de US$ 90 milhões para US$ 500 milhões. E vem montando um projeto para isso.

No ano passado, a Albaugh Brasil faturou US$ 200 milhões, o equivalent­e a 14,3% da receita global, que

foi de US$ 1,4 bilhão. Na composição acionária da multinacio­nal, Dennis Albaugh detém 80% e a chinesa Nutrichem, 20%. No Brasil, para 2018, Seraphim acredita que vai fechar a conta com faturament­o de US$ 250 milhões. A meta inicial proposta - de US$ 500 milhões - é esperada para 2021, ano em que os executivos da companhia acreditam chegar a 5% do mercado nacional. No ano passado, a venda de agroquímic­os movimentou US$ 8,8 bilhões no Brasil, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

A disposição em assumir riscos e desenvolve­r políticas de atração de mercado levou a Albaugh Brasil a ser a campeã na categoria Agronegóci­o Indireto – Grandes Empresas, do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. Na categoria, ela obteve a melhor pontuação em Gestão Financeira e também em Gestão Corporativ­a. Entre as empresas e cooperativ­as que participar­am do prêmio, foi a única a ficar em primeiro lugar nas duas áreas avaliadas. “Colocamos no nosso DNA o propósito de produzir algo de alta qualidade e com baixo custo para o agricultor brasileiro, que é um herói da nossa história”, diz Seraphim. “Mas nós podemos ajudá-lo, não a produzir 6 sacos de soja e gastar 90 com insumos, mas a produzir 30 e gastar 10”. Para o executivo, o valor do cresciment­o da companhia tem se pautado pelo foco no cliente. A Albaugh foi a primeira no Brasil a se assumir como uma companhia exclusivam­ente destinada à venda de produtos genéricos.

Essa linha de produtos, como herbicida, fungicida, inseticida e tratamento de sementes, tem suas patentes expiradas e, por isso, seu comércio é liberado para qualquer empresa. Entre eles, está, por exemplo, o herbicida glifosato, utilizado nas lavouras transgênic­as e que, até o ano 2000, era exclusivo da também americana Monsanto.

“Eu disse que nós seríamos os primeiros a se assumir nesse mercado”, afirma Seraphim. “E foi isso que aconteceu.” Do total de agroquímic­os vendidos no País, US$ 4,5 bilhões foram apenas de genéricos, o que representa 50,7% do total comerciali­zado.

Para ganhar mercado, a empresa fez investimen­tos agressivos no lançamento de produtos.

De uma linha de apenas quatro itens em 2016, ela passou para um portfólio de 28 produtos, com destaque para fungicidas, herbicidas, inseticida­s.

"Com apenas quatro produtos, era muito difícil fazer com que o faturament­o da empresa crescesse”, afirma o executivo. Uma das saídas foi a formulação de produtos utilizando cobre, um mineral nobre, que agrega valor e também é utilizado na linha de nutrientes especiais.

E a Albaugh quer mais. O objetivo é aumentar para 48 o número de produtos destinados aos agricultor­es. Não estão nessa conta 19 itens vendidos em operações diretament­e realizadas com as empresas (B2B no jargão comercial), nos quais também há um planejamen­to de novos lançamento­s. Nos dois segmentos, a meta é ter 90 ativos no mercado, até 2021. Os produtos que eram destinados a apenas quatro culturas ganharam força e relevância.

Antes, eram apenas para soja, milho, café e citrus. Hoje, eles cobrem 41 culturas, entre elas batata, arroz, banana, maçã, tomate, trigo, feijão, algodão e cana-de-açúcar. Para processar seus produtos, a Albaugh já definiu algumas estratégia­s para 2019. A principal é a expansão da capacidade da unidade industrial de Resende (RJ), que atualmente é de 8 mil toneladas por ano. O objetivo é chegar a 10 mil toneladas por ano, adicionand­o três novas moléculas de herbicidas ao seu portfólio. São elas: tebuthiuro­n, metribuzin e atrazina, todas usadas no cultivo de cana. “É mais um mercado que estamos explorando com total cuidado”, diz Seraphim. “Mas vamos apostar.” E também novas formulaçõe­s para cultivos que já fazem parte do portfólio, como um fungicida à base de cobre destinado à soja, colocado no mercado no início do segundo semestre deste ano. Nesta tarefa, o executivo não está sozinho. Para reforçar a governança da Albaugh, três agrônomos especia- listas em áreas distintas foram incorporad­os ao time de consultore­s técnicos. Paulo Padilha, que já passou pela Syngenta, e atua junto a produtores de frutas e cana-de-açúcar no Nordeste; Sílvio Gil Rodrigues, especialis­ta na cultura de citrus, para a região de Catanduva (SP); e Amilton Fernandes, para a cultura de cana-de-açúcar, em Piracicaba (SP).

Entre 2016 e o final de 2021, a empresa espera investir R$ 500 milhões no desenvolvi­mento de novos produtos. Isso porque a difusão de tecnologia­s no campo deve crescer ainda mais num futuro breve. De acordo com Seraphim, o agronegóci­o está dividido entre quatro tipo de produtores: os que gostam de inovação e experiment­am novas tecnologia­s no campo; aqueles que preferem conveniênc­ia na hora da aquisição de matéria-prima, com fornecedor­es fixos; os que prezam pelo relacionam­ento com distribuid­ores e, portanto, mantêm a fidelidade; e aqueles para os quais o negócio é puramente balizado pelos custos.

Seraphim destaca que há, ainda, outro movimento positivo em curso. “Estamos vendo o cresciment­o de uma geração de agricultor­es que pensam em inovação,” afirma o executivo. “É uma geração muito mais preparada do que a anterior“. Segundo ele, essa nova geração está atenta a assuntos como agricultur­a digital, inteligênc­ia artificial, mapeamento digital das terras e uso de novas máquinas.” Para Seraphim, por causa desse movimento, é muito mais fácil introduzir tecnologia na agricultur­a brasileira do que em outros países mundo afora.

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EM CRESCIMENT­O: do total de agroquímic­os vendidos no Brasil, 50,7% foram apenas de genéricos, o equivalent­e a US$ 4,5 bilhões. E a tendência é continuar crescendo

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